terça-feira, 29 de novembro de 2011

A prisão do articulador de Serra e o jornalismo cínico do PIG




Ao longo da formação acadêmica dos jovens que cursam jornalismo - processo que também pode ser compreendido como adestramento de jovens para servir o modelo elitista e semi-democrático dos meios de comunicação do Brasil -, se aprende a tal da Agenda Setting. Enquanto conceito e dissociado de um contexto, as universidades empurram goelo abaixo dos estudantes que se trata de um mecanismo de seleção de notícias dentre várias outras que poderiam ser veiculadas. Nada mais!

Mais claro que os livros técnicos da área não têm objetivos tão modestos assim. Para além disso, pretendem inculcar os critérios da mídia privada sobre o que é prioritário para predominar nos noticiários. Chavões aparentemente ingênuos como “se um cachorro morder alguém não é notícia, mas se o homem morder o cachorro, sim” são adotados como táticas para empurrar outros mais comprometedores: “Um acidente, assalto ou assassinato na periferia não recebe destaque, a menos pelo grau de gravidade. Mas em bairro nobre, dificilmente deixa de ser”. E assim por diante.

A domesticação, no entanto, revela efeitos mais devastadores do que a aparente ingenuidade dos livros. A negação da prisão de João Faustino (na foto, discursando em convenção do PSDB), ou uma pífia repercussão do fato, revela na prática o que representa esse filtro. Num período em que a família Civita, proprietária da editora abril, se utiliza do manto da ética para provocar a demissão de vários ministros, omitir a prisão de um dos fundadores do PSDB e articulador da campanha de José Serra em 2010 é no mínimo estranho, já que também nesse caso se trata de um personagem ligado aos desdobramentos da política nacional.

Ficam expostas, mais uma vez, as vísceras do Partido da Imprensa Golpista (PIG). Cada vez mais a ligação das grandes corporações de mídia com os partidos de direita deixam de se tornar argumento do campo progressista para ser assumida por donos de veículos de comunicação. Está muito mais evidente para onde direcionam a tal da agenda setting, o cinismo com que problematizam a ética, a imparcialidade fingida e o porco serviço que prestam ao povo.

Alguém ainda precisa de mais subsídios para lutar por uma regulamentação da comunicação que democratize o setor e, também, por uma universidade que absorva mais às demandas populares?

Um comentário:

Jou disse...

[Ao longo da formação acadêmica dos jovens que cursam jornalismo - processo que também pode ser compreendido como adestramento de jovens para servir o modelo elitista e semi-democrático dos meios de comunicação do Brasil]


eu já cursei o período básico da UFAM de comunicação social, e posso dizer com todas a letras que é bem o contrário. 90% é metido com a esquerda, e fica pentelhando os outros com um modelo político falido. isso quando não usam o espaço de murais da universidade, que deveriam ser para assuntos relacionados à EDUCAÇÃO, para fazer propaganda política de pcdob, ujs e afins.