por Luiz Carlos Azenha, no blog Vi o mundo
João Faustino Ferreira Neto, suplente do senador José Agripino Maia (DEM-RN), foi preso em Natal durante a Operação Sinal Fechado, deflagrada pelo Ministério Público Estadual. Foi acusado de pertencer a uma organização criminosa que teria atuado junto ao Departamento de Trânsito do Rio Grande do Norte. Ele e outros nove acusados tiveram a prisão temporária prorrogada até o próximo sábado, 2 de dezembro.
As acusações, basicamente, se referem ao que o MP chamou de golpes: um, o que obrigava os tomadores de financiamentos para compra de veículos do Rio Grande do Norte a registrar as transações em cartório (com custo de 130 a 800 reais por veículo, segundo o MP); outro, referente à contratação de uma empresa para fazer a inspeção veicular nos moldes da que a empresa Controlar faz em São Paulo.
O Blog do Barbosa, do Rio Grande Norte, reproduzido pelo Conversa Afiada, republicou entrevista dada por João Faustino ao Jornal do Commercio, do Recife, no dia 8 de agosto de 2009.
Trechos:
JORNAL DO COMMERCIO – Qual é a sua relação com o governador José Serra?
JOÃO FAUSTINO FERREIRA – Eu era subchefe do Gabinete Civil do governo de São Paulo. Deixei essa função para colaborar com o governador. Ele ainda não formou sua equipe de coordenação (de campanha), não existe ainda um coordenador, nem coordenadores regionais. Estou colaborando na condição de amigo pessoal dele, de colaborador que sou dele. Fui vice líder de Serra na Câmara dos Deputados. Sempre que convocado por ele, como eu tenho sido, procuro colaborar com esse projeto de 2010. Esse projeto (2010) ele só quer deflagrar a partir de fevereiro do ano que vem. Os eventos dos quais ele participa são eventos meramente administrativos, culturais, não têm assim a conotação nitidamente política. Tanto que em Exu ele fez questão de ser recebido quase que exclusivamente por lideranças locais.
[...]
JC – Quando o senhor foi afastado da subchefia do Gabinete Civil do governo Serra?
FAUSTINO – Em janeiro desse ano.
JC – Para assumir a coordenação da pré-campanha de José Serra no Nordeste?
FAUSTINO – Exatamente por não se estar em campanha é que não existe coordenador. Existem pessoas que colaboram com esse momento do governador – na condição de líder nacional que ele é – em várias regiões do país.
JC – Mas o senhor é filiado ao PSDB ou foi contratado pelo partido?
FAUSTINO – Eu sou fundador do partido. Sou uma das 18 assinaturas da aprovação do manifesto partidário (manifesto de criação do PSDB). Em Pernambuco, eu estive ao lado de Cristina Tavares (ex-deputada federal que faleceu em 1992), Egídio Ferreira Lima (ex-deputado federal), para não falar em Mário Covas (ex-governador de São Paulo que faleceu em 2001), Franco Montoro (ex-governador de São Paulo que faleceu em 1999), José Richa (ex-senador pelo Paraná que faleceu em 2003), Pimenta da Veiga (ex-presidente nacional do PSDB). Portanto, tenho uma presença partidária de fundador do partido. Me interesso muito por esse projeto de 2010, essa presença em várias regiões do país.
JC – O senhor é nordestino?
FAUSTINO – Sou Pernambucano, mas faço política no Rio Grande do Norte. Fui deputado por 16 anos, quatro mandatos, e hoje sou o primeiro suplente do senador Garibaldi Alves. Meu território político é o Rio Grande do Norte.
JC – Uma função de subchefe do governo de Serra presume uma razoável proximidade do senhor com o governador.
FAUSTINO – Eu conheço Serra há 50 anos. Fizemos política estudantil juntos. Participamos do Congresso (estudantil) de Santo André (SP), em 1963. Trabalhei com ele para que fosse presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), hoje transformada em casa de pelegos. Na época eu fazia política estudantil no Rio Grande do Norte e era presidente da UEE (União Estadual dos Estudantes) e Serra era presidente da UEE em São Paulo. Depois, ele foi para o exílio e eu fiquei por aqui. Fui perseguido pelo regime militar, preso, mas fiquei no batente. Com a volta de Serra, ele se elege deputado federal e me convoca para ser vice-líder dele. Depois, quando ele foi ministro da Saúde, servimos juntos ao governo Fernando Henrique. Já sem mandato, eu ocupei o cargo de secretário-geral da Presidência da República. Nós sempre tivemos um excelente relacionamento.
É importante fixar as informações acima antes que a gente esmiuce as 189 páginas do relatório que fundamenta o pedido do MP potiguar de busca e apreensão domiciliar e pessoal e sequestro de bens.
Além de João Faustino, também foram acusados de envolvimento o filho dele, Edson José Fernandes Ferreira, e o genro, Marcus Vinicius Saldanha Procópio. Quem quiser se adiantar, o relatório está aqui, conforme publicado pelo NoMinuto, do Rio Grande do Norte. Abaixo, como o trio é descrito no relatório:
(reprodução do texto do relatório)
c) João Faustino Ferreira Neto: servidor público e suplente de senador. Também atua como "lobista". Há provas de que já se envolveu em negociatas com George Olímpo, Marcus Procópio , entre outros, comm relação ao registro de contratos de financiamento de veículos em cartório. Há provas de que já teria recebido promessa de vantagem indevida através da cota de participação nos futuros lucros do Consórcio INSPAR, tanto pela sua atuação no Governo passado, em que contribuiu para a contratação irregular desse consórcio INSPAR, tanto pela sua atuação no governo passado, em que contribuiu para a contratação irregular desse consórcio, como pela suas gestões para manter a contratação do mesmo pelo governo atual. Há evidências de que receberia pagamento mensal de George Olímpo, em torno de R$ 10.000,00 (dez mil reais).
c) Edson José Fernandes Ferreira (EDSON FAUSTINO): Filho de João Faustino Ferreira Neto . Amigo de George Olímpo. Já foi denunciado criminalmente pelo Ministério Público Federal - Procuradoria da República em Governador Valadares - MG , por se valer da proximidade perante agentes públicos para defender interesses interesses de grupos privados, sendo conhecido como "lobista". Foram identificadas comunicações do mesmo com George Olímpo, datadas de meados de de fevereiro de 2008, no que se refere à fraude do registro dos contratos de financiamento de veículos. Além disso, agora, em 2011, há evidências de que o mesmo teria prestado colaboração à organização.
h) MARCUS VINICIUS SALDANHA PROCÓPIO: "lobista" natalense, ligado a João Faustino, seu genro. Há provas de que foi contratado George Olímpo, recebendo R$ 5.000,00 mensais, para colaborar com as fraudes. Teve forte papel na intermediação entre os agentes públicos aos quais foi paga propina e ofericida promessa de vantagem indevida no caso do Consórcio INSPAR. Há provas de que atua com George Olímpo e João Faustino desde o contrato com registro de financiamento de veículos, até a contratação fraudulenta do Consórcio INSPAR.
* Com documentação de órgão público divulgada a imprensa, o que motiva o silêncio das maiores emissoras de rádio e TV, dos seus portais de notícias e das principais revistas semanais? Se for pela declarada relação com Serra, o fato de ser um dos fundadores de um partido de direita que já elegeu presidente da República, então onde fica a imparcialidade desses veículos de comunicação?
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