sábado, 24 de março de 2012

Renato Rabelo: PCdoB, anos 90 anos, de olho no futuro




O Partido Comunista do Brasil completa 90 anos em 25 de março. A legenda mais antiga da nossa história política renova-se constante e intensamente, graças às suas bases nos movimentos sociais e na ação política. Quem passar em revista seus dirigentes, parlamentares, líderes estudantis, sindicais ou femininas, dirá talvez que é a mais jovem da cena política nacional.

Com zelo até maior o PCdoB cuida de renovar-se nas ideias. No nonagésimo aniversário, passa em revista sua trajetória, rende homenagem aos seus combatentes, heróis e mártires, reforça seus princípios, seu caráter revolucionário e o objetivo socialista. Porém, o faz com os olhos postos no futuro, nas lutas dos próximos anos e décadas.

Partido marxista, dialético, o PCdoB pensa, como Heráclito (o filósofo grego), que é impossível banhar-se duas vezes no mesmo rio: tudo flui em razão da luta de contrários; a realidade está em permanentes metamorfoses. Vejamos algumas delas: a grande crise capitalista ; o declínio dos Estados Unidos; os países que mantêm a perspectiva socialista; o Brasil de Lula e Dilma.

Vistas em seu conjunto e sua dinâmica, essas transformações apontam uma nova luta pelo socialismo. Não é certamente o mesmo socialismo do século passado, mas aprende com seus acertos e erros para conduzir a emancipação nacional e social nas condições contemporâneas. É um socialismo renovado, que não copia um modelo único mas assume em cada país os traços, as cores e os ritmos ditados pela realidade concreta.

O PCdoB está convencido de que nas condições do Brasil o caminho para o socialismo é a realização de um novo projeto nacional de desenvolvimento. Como afirma o seu Programa, "o socialismo é o rumo. O fortalecimento da Nação é o caminho". É para esta jornada conjunta, árdua, mas possível e necessária, que convoca os trabalhadores e as forças avançadas de nossa pátria.

Tem um um protagonismo crescente e positivo neste planeta em mutação. A senda trilhada fica nítido quando se olha o pós-2002 sob o prisma mais amplo da história. O país entrou num novo ciclo político, social e econômico, seu povo reencontrou a esperança e o mundo encara-o com novo interesse. Para a oposição conservadora é um cenário de pesadelo. Para o PCdoB e as forças empenhadas na mudança, a nova fase representa vitórias, avanços, e também desafios de ir adiante na construção de uma nação soberana, democrática, com progresso social e com integração solidária com seus vizinhos buscam soluções próprias para desbravar seus caminhos.

A América Latina vive uma verdadeira onda democrática, patriótica, popular e integracionista, com várias nações se propondo a superação do capitalismo, e a ascensão de novos polos dinâmicos, configuram um mundo em transição. O imperialismo estadunidense reage ensaiando novos focos de guerra, agora contra o Irã e a Síria. A reação envolve o mundo em incertezas, mas não contém queda, ditada pelo desenvolvimento desigual do capitalismo, após o pico estadunidense de 2008 e o europeu de 2011, não tem solução à vista.

A hipertrofia do setor financeiro só promete mais instabilidade e incerteza. Na sua esteira, fracassou o pensamento neoliberal - ainda há pouco vendido como "consenso" e "pensamento único". Mas mesmo fracassado, este mantém-se no poder pisoteando a democracia, impondo governos, ditando políticas, o que provoca a justa resistência dos trabalhadores e povos.


* Renato Rabelo é presidente do Comitê Central do PCdoB

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