domingo, 15 de janeiro de 2012

O combate a Cuba para frear nova corrida pelo socialismo




As duas postagens abaixo, de títulos “Desemprego na A. Latina tem taxa mais baixa desde 1990” e “Brasileiro mostra a Cuba que a Globo não transmite” são faces da mesma moeda. A série de governos progressistas em inúmeros países da porção latina na América e, principalmente, a agenda democratizante implementada neles tem provocado uma reação raivosa das elites e de seus aliados midiáticos. A série de matérias da emissora dos Marinho sobre Cuba é só um dos vários ataques nos quais ficam expressos a tentativa dos antes “todo poderosos”em recuperar os espaços políticos que detinham até bem pouco tempo.

Além dos bastante citados ataques lançados contra Chavez, Evo, Lula, Dilma, os Kirchner entre outros, é possível fazer outra leitura da mais recente série de matérias contra o governo cubano. Por que retomar a série de críticas contra ele depois de 50 anos de repetições dessas mesmas iniciativas? A resposta pode está na guinada da nova luta pelo socialismo, que ganha força ano após ano. Apesar dessa análise não ser nova, é muito provável que o nítido temor das elites cresça por conta da consolidação dos governos populares e democráticos já citados, pela grandiosa popularidade de seus líderes – o que acena para uma tranquila continuidade, se depender somente da vontade popular – e, principalmente, porque passado a série de reformas pontuais o processo político aponta que é chegada a hora das reformas estruturais. Ou como muitos já falam no Brasil: chegou o momento de interromper esse cenário em que todos ganham; é preciso ampliar a fatia do povo nesse bolo de riquezas.

Mas, onde está a resposta para uma nova artilharia contra a ilha de belas praias e governo socialista? Desde quando Fidel e Raúl Castro, Ernesto Rafael Guevara de La Serna, ou simplesmente Che Guevara, e muitos outros derrotaram a ditadura de Fulgencio Batista, Cuba se tornou o maior símbolo de resistência aos EUA e aplicação de uma agenda política fora dos parâmetros do capitalismo em todo o continente. Logo, é provável que ao resgatar a onda de insultos contra a ilha, conglomerados de mídia, organizações políticas de direita e elites em geral (todos são biscoitos do mesmo pacote, diria o caboclo) queiram dizer que os caminhos buscados pelo restante da América Latina sejam tão “ruins” quanto eles julgam ser no seu tradicional alvo. Mas foi nesse “péssimo” lugar para se viver que foi lançada a primeira vacina contra um tipo de câncer, nesse caso, o de pulmão.

As conclusões acima não são mero exagero de alguém que se declara abertamente marxista. O principal panfleto da direita no Brasil, a revista Veja, que o diga. Na edição de 9 de novembro de 2011, ela trouxe uma matéria de título “A nova Rússia”, cujo texto foi na contramão da chamada e ressaltou que passados 20 anos após a queda da União Soviética o fervor do socialismo volta a ser pautado ali. Apesar de várias repetições que isso é uma ameaça a “liberdade” naquele país, a revista além de não conseguir esconder a motivação dos russos, a afirmou textualmente: “A decepção com as reformas dos anos 90 fez surgir entre os russos (...) a nostalgia em relação aos tempos soviéticos”. Está na matéria também que “os russos só recuperaram em 2003 o nível de vida que desfrutavam em 1990”. Mais direto impossível: na década de 1990, assim como no Brasil, aquela população viu o neoliberalismo desnudado e sofreu na pele o impacto disso.

Para quem ainda fecha os olhos e tapa os ouvidos para não ver nem ouvir os desastres provocados por governantes que seguiram a cartilha do capital naquela década, não faltam exemplos atuais. A crise econômica mundial, que abala a Europa e todos os países até então conhecidos como grandes potências, e os dados da fome recentemente divulgados pela ONU (925 milhões de famintos, para uma população de 7 bilhões de pessoas no planeta) não deixam dúvidas: a alegria de alguns poucos só é possível em detrimento da miséria da grande maioria.

Portanto, o sucesso e a popularidade de governos simpáticos ao socialismo e a derrocada das forças políticas que defendem o contrário são fruto da própria experiência dos povos com essas plataformas políticas. Daí o esforço das elites em empurrar na cabeça das pessoas o que aprendemos a rejeitar com a barriga, afinal, comemos melhor e temos mais empregos quando refutamos tudo o que nos apresentam nessas emissoras de TV's.

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