quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Brasileiro mostra a Cuba que a Globo não transmite




Antes mesmo da série de matérias tendenciosas que o Jornal Nacional da Rede Globo transmitiu sobre Cuba, conversei com o amigo Rafael Nascimento (acima numa das belas praias cubanas) sobre a possibilidade dele contribuir com este blog, com relatos de suas experiências naquele país.

Tive a idéia quando li uma das postagens do "Rafa" no Facebook e percebi que ele poderia nos ajudar a entender melhor Cuba, pois mora lá desde setembro de 2007 e tem um olhar que não passa pelo filtro ideológico das organizações midiáticas brasileiras, sempre interessadas em macular as iniciativas que põem o povo no centro das atenções.

O texto foi enviado em 8 de dezembro de 2010. Peço perdão aos amigos que nos acessam e ao próprio Rafa pelo atraso na publicação. Aí vai:



Para meu amigo Anderson Bahia

“Em Cuba tem um povo que não esquece e que inspirado em seu exemplo está disposto a continuar lutando pra fazer realidade os sonhos pelos quais entregaram suas vidas à pátria.”

Todo dia fico impressionado com a qualidade e a dedicação dos médicos e professores cubanos. Todos os dias chegam nos hospitais às 8h e saem às 16h. Quando há plantão permanecem 24h em trabalho realizando todos os tipos de procedimentos médicos. Antes de chegar aqui, me perguntava qual o verdadeiro significado de uma revolução socialista... E são nesses mínimos detalhes que passei a entender.

Em toda ilha são milhares de médicos que dedicam sua vida a cuidar da saúde desse povo, não se importado com raça, credo ou status social. Mas é bom ter claro que nem tudo é perfeito. Aqui tem seus problemas relacionados à saúde como em qualquer outro país, mas mesmo com as sanções econômicas que o país sofre há 50 anos sob comando dos EUA, presenciamos avanços que muitos países não desfrutam.

Na condição de estudante, a rotina para mim aqui não é fácil, mas a vontade de aprender com quem tem qualidade para isso me impulsiona a seguir firme. Aqui não aprendemos a mercantilizar a saúde e sim a socializá-la, tratamos os demais como iguais, não vemos um paciente como cliente. Olhamos o paciente como um ser “Biopsicossocial”.

Ser médico no Brasil, hoje, é ter status é ser visto como superior que é o que conta nessa nossa sociedade capitalista, porém, o diferencial daqui está desde a formação. Que é o segredo. Aqui, ao contrário do que muitos pensam, não temos “aulas” de socialismo. Nem precisamos, porque conviver diariamente em um país no qual se pode viver o socialismo no dia-a-dia já é o suficiente, aprendemos na prática, no observar. A saúde, a educação é para o povo, não existem hospitais particulares, os remédios, e é bom ressaltar que 90% são produzidos aqui, são subsidiados pelo governo com custo quase zero.

Viver em Cuba e o foco no regresso ao Brasil

O bloqueio econômico imposto pelos EUA, além de ser criminal, impede que a ilha avance em setores que a ilha avance em setores estratégicos como tecnologia, comunicações, saúde entre outras coisas. A comunicação com a família e amigos passa a ser muito complicada por conta disso, o que torna as coisas mais difíceis para quem está longe.

Mas a vontade de construir uma sociedade mais justa, onde as pessoas não tenham que morrer por falta de um atendimento médico é o que me motiva todos os dias. É impressionante ver que em vários municípios do nosso Amazonas não tenha atendimento médico... Sou somente um, porém, vou dá minha contribuição para reverter isso. Ainda me faltam pouco mais que dois anos, mas hoje meu único dever é aprender e me tornar um profissional qualificado para atender as demandas da nossa sociedade.


Rafael Nunes do Nascimento

Estudante do 4º ano de Medicina na Universidad de Ciencias Medicas de La Habana.

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