segunda-feira, 14 de novembro de 2011

“Ocupe Wall Street” vira não-notícia

Por Altamiro Borges, no Blog do Miro



Dizem que o que não pinta na tela da TV Globo, principalmente no Jornal da Nacional, não existe, não é real. Parece que a mídia, mundial e nativa, decidiu adotar este padrão de manipulação para ocultar o movimento “Ocupe Wall Street”, que há dois meses realiza protestos diários em várias cidades dos EUA contra o “1% de ricaços” que afundou o país numa grave crise econômica.

Diferente dos protestos dos “gusanos” em Cuba ou dos “esquálidos” na Venezuela, que ganham páginas nos jornalões e destaque nas emissoras de televisão, as manifestações na “pátria da democracia” são ocultadas pela mídia hegemônica. Viram não-notícia! O pacto do silêncio entre os impérios midiáticos é um visível atentado ao verdadeiro jornalismo e a própria democracia.


Mídia colonizada evita criticar os EUA

No caso da mídia brasileira nem dá para alegar falta de recursos para a cobertura dos protestos. Todos os principais veículos têm correspondentes nos EUA, mas eles não são pautados para cobrir as manifestações populares. Preferem tratar de amenidades ou da jogatina política na falsa democracia bipartidarizada do império. A censura é descarada. A ditadura midiática é implacável!

Nem mesmo quando ocorrem cenas de repressão, a chamada grande imprensa noticia ou divulga imagens. Neste final de semana, por exemplo, a polícia reprimiu violentamente quatro acampamentos do “Ocupe Wall Street” e prendeu ao menos 78 ativistas. A tática fascistóide adota pelo governo dos EUA é a de dispersar os núcleos do movimento e prender as suas principais lideranças.

Mortes nos acampamentos

O clima nos acampamentos é cada dia mais tenso. Em alguns estados, castigados pelo rigoroso inverno, os manifestantes tiveram a energia elétrica cortada e padecem no frio. Em outras localidades, a polícia ianque aborda os jovens ativistas com truculência, promove arrastões na madrugada para humilhar e desgastar os manifestantes e sabota os serviços de limpeza pública.

No acampamento do Oakland (Califórnia), um jovem foi assassinado a tiros durante uma briga. Já em Vermont, um veterano de guerra cometeu suicídio numa tenda. Em Salt Lake City (Utah), um homem foi encontrado morto, sem ferimentos. Estes episódios dramáticos serviram de justificativa para a ação terrorista da polícia deflagrada a partir de sábado passado (12).

Prisões não intimidam os ativistas

Em St. Louis (Missouri), 27 manifestantes foram algemados quando gritavam “nosso amor pela liberdade é mais forte que a sua prisão”. Já as desocupações violentas em Salt Lake City e em Denver (Colorado) resultaram nas prisões de 19 e 17 manifestantes, respectivamente. Em Portland (Oregon), mais de 15 pessoas foram presas após confrontos com a polícia.

Apesar da violência, o movimento se espalha pelos EUA e continua demonstrando força. Na semana passada, vários intelectuais participaram de um ato político no parque Zucotti, nas proximidades de Wall Street. Sindicatos e outras entidades da sociedade civil prestam solidariedade, inclusive material, aos ativistas. Mas a mídia colonizada do Brasil evita dar destaque aos protestos.

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