quarta-feira, 16 de novembro de 2011

… E o MMA vira mania nacional!




Quem assistiu a luta entre Junior “Cigano” dos Santos contra Cain Velasquez, no último sábado (12), válida pelo cinturão dos pesados do UFC, com direito a segunda transmissão em canal aberto no Brasil, com certeza deve ter se empolgado bastante com a organização do show e com o entusiasmo despertado com a luta. Poucos sabem, no entanto, que a edição 138 do evento norte-americano de Mixed Martial Arts (MMA) deixa para trás algumas décadas de descaso da mídia hegemônica com o esporte!

O MMA, junto com a conjuntura política e o jiu jitsu, são os assuntos que mais me sinto a vontade para falar. Antes mesmo de me debruçar nos jornais para acompanhar a vida política do Brasil, já colecionava pilhas e pilhas de revistas sobre os esportes difundidos pelos Gracie’s. Além disso, assisti dezenas de eventos por DVD, VHS e acumulei tantas horas em frente da TV para acompanhar os eventos por pay per view quanto um piloto profissional tem horas de vôos. Ainda criança, fui apresentado às vitórias de Royce Gracie nas primeiras edições do evento que Cigano acaba de se consagrar fazendo o esforço de distinguir o atleta pelo quimono branco, já que a qualidade da imagem não permitia uma visualização tão clara quanto a vestimenta do atleta.

Na minha coleção de revistas, composta majoritariamente por Gracie Magazine e Revista Tatame, destaca-se um grande período de resistência informativa aos rótulos despejados velha mídia. No ímpeto de manter oculto o que seus diretores não viam com bons olhos, as principais emissores de rádios e TV’s do país repercutiam eventos e atletas da modalidade da pior forma possível. Associados a badernas e confusões, os ídolos do esporte precisavam iniciar toda aparição pública fora do segmento que fazem parte com justificativas e explicações das particularidades de seus afazeres do que necessariamente com os méritos e vantagens da modalidade.

Por volta de 1998 ou 1999, a Gracie Magazine levou às bancas de revistas uma edição que se assemelha bastante com jornais, sites e blog’s de linha editorial progressista de hoje. Na ocasião, usaram suas páginas para apresentar um quadrinho no qual satirizava as absurdas distorções que o Partido da Imprensa Golpista (PIG) fazia do então vale tudo e do jiu jitsu. As ilustrações mostravam atletas de ambos esportes como líderes de ataques belicistas, extermínios e da violência dos traficantes de drogas do Rio de Janeiro. Essa foi a forma encontrada para questionar os golpes, manipulações e distorções do PIG.

A reviravolta, portanto, não foi tranqüila nem natural. Ela surgiu a partir do desconforto cada vez mais crescente gerado pela notabilidade que os ídolos do esporte adquirem no Japão e nos EUA há pelo menos 16 anos. Além disso, o crescimento da audiência dos pacotes pay per view, no Canal Combate, o crescimento da indústria de roupas e acessórios desportivos criou o clima de mania nacional que a TV aberta não conseguiu conter e, para se atualizar, teve que aderir à força. Com o UFC Rio, realizado em agosto, a Rede TV alcançou pela primeira vez a liderança de audiência dos telespectadores o que motivou a emissora dos Marinhos a abraçarem a idéia para não pegarem outras goleadas.

Ganha o esporte, os atletas, que passam a ser mais valorizados, e a sociedade como um todo, pois mais uma vez vence a opinião pública conservadora e pauta a programação da velha mídia!

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