sábado, 11 de junho de 2011

O que não dizem sobre Belo Monte

Parte do artigo “Belo Monte, Balbina & Três Gargantas”, de autoria do Secretário de Estado da Produção Rural do Amazonas, Eron Bezerra, publicado em 11.05.2010 – Extraído do livro “Amazônia – Esse mundo à parte”, do mesmo autor.


Belo Monte, Balbina e Três Gargantas – comparativo

Balbina, como exposto acima, foi uma irracionalidade sob todos os sentidos e certamente só foi construída porque na época não havia uma legislação ambiental estruturada. Felizmente algumas das tragédias ambientais que prevíamos não se materializaram, como a “podridão” de seu imenso lago de 2.360 km2 pela decomposição da floresta que sucumbiu. O lago é piscoso e não há qualquer fedor aparente, embora alguns articulistas continuem dizendo o contrário, por ignorância ou má-fé.

Belo Monte, como todos sabem, será a terceira maior hidrelétrica do planeta e a segunda do Brasil. Será superada apenas pela chinesa Três Gargantas, construída no rio Yang-Tsé, que tem potência instalada de 18.299 MW, e pela binacional Itaipu, com 14 mil MW de potência instalada.

Seu projeto original também foi questionado por nós. Os estudos de impacto ambiental, a mobilização popular e mais de 20 anos de questionamento e debates públicos fizeram com que a obra se tornasse tecnicamente defensável.

A área inundada, originalmente prevista, era de 1.250 km2 . Foi reduzida para 516 km2 , o que lhe confere o melhor custo-benefício em termos de impacto ambiental. Comparemos: Balbina precisou inundar 9,44 km2 de área para gerar 1 MW; Itaipu gerou cada MW instalado com apenas 0,096km2 e Belo Monte não precisará de mais do que 0,046 km2 por cada um de seus 11.233 MW de potência instalada.

Os 516 km2 de área inundada da hidrelétrica terão repercussão numa região que abrange cinco municípios (Altamira – o maior do mundo, com quase 160 mil km2 -, Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu) e cuja área total é de 195.219,815 km2 , o que significa que apenas 0,26% da área será comprometida. Não creio, honestamente, que isso inviabilize qualquer atividade econômica na região.

Três Gargantas, a gigante chinesa, é a que mais se aproxima de Belo Monte em termos de racionalidade da área inundada e megawatts gerados. Com 18.299 MW de potência instalada e uma área inundada de 1/084 km2 , a relação é de 0,059 km2 inundado para cada megawatt gerado.

Mas as semelhanças param por aí. Enquanto a população removida em Belo Monte será de 20 mil, segundo dados oficiais, na área de Três Gargantas serão removidas mais de 1.2 milhão de pessoas. Nada menos do que 160 vilas e cidades inteiras serão tragadas pelo lago de mais de 600 km de extensão. Sítios arqueológicos milenares terão o mesmo destino. Mas os chineses sabem do caráter estratégico da energia para o desenvolvimento das forças produtivas socialistas ou capitalistas e seguiram em frente com a maior hidrelétrica do planeta.

Como se pode ver, nem todos os povos têm o privilégio , como o Brasil, de buscar o suprimento de energia a um custo ambiental relativamente pequeno quando comparado com os demais exemplos aqui mesmo mencionados.

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