quinta-feira, 1 de março de 2012

Uma definição sobre o papel da blogosfera progressista




Durante solenidade de lançamento da sede do Centro de Estudos de Mídia Alternativa Barão de Itararé, o presidente da organização, Altamiro Borges (foto acima), concedeu entrevista ao Portal Vermelho e tratou sobre assuntos diversos relacionados à luta pela democratização da mídia. Na oportunidade, apontou os ganhos e os limites da blogosfera progressista, que tem jogado papel fundamental para dinamizar a publicação de fatos e opiniões na sociedade. Confira abaixo o trecho da entrevista:



Vermelho - Agora essa coisa da hegemonia, da mídia tradicional, ela é muito alavancada pela publicidade, já que a mídia alternativa vem crescendo muito. Você acha que existe uma trincheira da publicidade. O mercado publicitário é que segura a mídia como ela é hoje, no formato broadcast?.

AB - Eu acho que estamos vivendo uma situação contraditória. Essa chamada mídia tradicional, a velha mídia, ainda tem muita força. Quando a Rede Globo decide, por exemplo, dar uma cutucada no Ricardo Teixeira e aí vira um escândalo. Ela tem muita força no sentido de fazer a cabeça das pessoas na informação e nos comportamentos. A mídia cria moda. O que sai no BBB (Big Brother Brasil, da Globo) vira moda. Eu não sou daqueles que acreditam que a mídia tradicional está em flanco declínio, morrendo. Não. Ela ainda tem um poder violentíssimo em tudo. Jornais conseguem pautar as rádios e TVs, e estas, enquanto comunicação de massa, mexe com milhões de pessoas. As novas tecnologias de informação criaram uma brecha. Permitiram uma guerrilha informativa onde sites, blogueiros e pessoas nas redes sociais se mobilizam. E é o que somos perto da mídia tradicional,que é o exército regular. Estamos praticamente de tacape. Mas já incomodamos e cria uma certa crise de modelo de negócios dessa mídia tradicional, que está perdendo. Recentemente faliu mais um jornal público na Europa. Já há um processo de queda de tiragem dos jornalões e há um processo de migrações nas televisões, principalmente entre a juventude que está trocando a TV pela internet. Isso cria uma brecha, que também não é totalmente ocuapda pela gente. É ocupada por eles. A editora abril, por exemplo, o portal está mais forte do que as revistas. Sabe quantos visitantes únicos tem a Veja? Cinco milhões e 800 mil visitantes únicos. Nós não concorremos com isso. Não é que as novas tecnologias vieram e eles viraram as costas. Pelo contrário. Por isso que digo que essa guerrilha ainda é muito pequena. Mas, é muito melhor do que antes para a mídia alternativa, porque antes eles tinham tudo. Existem algumas ocupações nesse latifúndio midiático. Agora, nós vamos ter que crescer muito. Isso tem a ver com mudança de legislação. Por isso é tão importante debater o marco regulatório. Terá que mexer nas estruturas, como a questão da publicidade. Em alguns países, fruto pela própria luta contra o nazifacismo , durante a segunda guerra mundial, você tem em alguns países estímulos à diversidade e pluralidade informativa, na publicidade. Na Itália, por exemplo, 20% da verba destinada pelo governo à publicidade, é dedicada a estimular a diversidade informativa. Se tivéssemos no Brasil, a verba oficial do governo federal é R$ 1 bilhão e 400 milhões, ou seja, seriam R$ 280 milhões de reais para Vermelho, Carta Maior, etc... algo parecido com o que já acontece com o mercado de livros didáticos no país. E isso tem relação direta com mudança na legislação.

Nenhum comentário: