A semana que termina tem sido marcada, dentre outras coisas, pelas manchetes que dão conta da invasão, por parte de crackers, de sites de órgãos públicos e outros ligados ao PT. Observo as movimentações que isso tem desencadeado e constato, mais uma vez, como a direita consegue envolver agentes distintos numa ação devidamente coordenada com um fim específico.
Vamaos ao ponto. Os crackers (que se distinguem dos hackers por serem criminosos) agem na internet enquanto no parlamento os demo-tucanos colocam em pauta o subtitutivo do PL 84/99 de autoria do atual deputado federal Eduardo Azeredo (PSDB), que tem sido apelidado de AI-5 digital. O apelido é em alusão ao Ato Institucional de número 5, aprovado pelos militares em 13 de dezembro de 1968 para restringir as liberdades democráticas no Brasil e iniciar, de fato, os anos de chumbo no país.
A escolha não é aleatória. Ao atacar páginas de órgãos públicos, invadir sites e e-mails de líderes do PT, a direita espera gerar o medo necessário para mudar a opinião da base aliada do governo sobre o projeto de Azeredo. Querem falicitar o caminho para a aprovação do projeto que visa gerar um vigilantismo na internet. O presidente da França, Sarkozy, busca a mesma coisa naquelas terras para, segundo ele, tornar a internet menos caótica. Em outras palavras, buscar diminuir as críticas ao seu governo.
Por aqui, a única diferença é que os interessados estão na oposição. E um dos fatores que lhes mantiveram assim foi a atuação de usuários de blog's e redes sociais, que periodicamente denunciam as informações tendenciosas que a grande imprensa, histórica aliada deles, jorram pelas ondas do rádio e da TV.
Não deixemos nos enganar. Há algum tempo representantes das elites e grande imprensa criam fatos ou se utilizam deles para emplacarem seus objetivos. No assassinato do menino João Hélio, as emissoras de TV exploraram ao máximo o assunto enquanto parlamentares do DEM e do PSDB pautavam a redução da maioridade penal. No auge da discussão do Código Florestal, a globo lançou um especial para falar dos impactos ao meio ambiente associando o projeto com o conteúdo que despejavam na TV. E agora, os crackers geram inúmeras manchetes para legitimar filtragem de conteúdo na internet.
Se me alongasse aqui, poderia citar inúmeros outros exemplos semelhantes. Históricos ou recentes.
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