quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Porta-voz do Wikileaks: “Somos a CIA do povo”




Extraído do blog Maria Frô



Entrevistado por Fellipe Santos, João Brant, Maria Mello e Pedro Carrano para a revista Brasil de Fato

Regido pelo princípio de que a livre circulação de informações emancipa os povos para que empreendam suas lutas, o WikiLeaks – organização responsável pela divulgação de documentos confidenciais que revelam a má conduta de governos, empresas e organizações no mundo inteiro – chegou a tornar públicos, até dezembro do ano passado, cerca de 250 mil documentos diplomáticos estadunidenses. Por sua luta, tem sido penalizado por grandes conglomerados financeiros, como Mastercard, Visa, American Express, Bank of America etc., que têm bloqueado a transferência de doações feitas por simpatizantes no mundo inteiro, por meio de seus cartões de crédito. Apesar da tentativa de miná-la, a organização continua ativa e recebendo doações. O jornalista investigativo islandês Kristinn Hrafnsson (foto acima), seu porta-voz, falou sobre o assunto ao Brasil de Fato, durante sua participação no I Encontro Mundial de Blogueiros, realizado entre os dias 27 e 29 de outubro, em Foz do Iguaçu, no Paraná.



Brasil de Fato – Como você chegou ao WikiLeaks?
Kristinn Hrafnsson – Depois de trabalhar mais de 20 anos com jornalismo, tornava-me mais e mais exasperado com o fato de os jornalistas não estarem cumprindo com seu papel de expor a má conduta dos governos. O jornalismo é reflexo do que acontece na Europa e nos EUA, com a noção errada de objetividade. Os jornalistas se impõem uma castração quando vão cobrir os fatos, sob o pretexto de uma pretensa objetividade. Comecei a ser muito crítico com o jornalismo. Eu tinha estado no Afeganistão, no Iraque, cobria eventos internacionais. Claro que eu estava com nojo da cobertura da imprensa sobre as questões do meu país, momentos antes das invasões ao Iraque e Afeganistão. Mas, relação a estas, via-se que os jornalistas estavam sendo alimentados com mentiras como se fossem bebês para justificar o envolvimento militar estadunidense na região.

BF - Onde você trabalhava?
KH - Na televisão islandesa. Em 2008, houve a bolha com os bancos na Islândia, mais um exemplo de mentiras que os jornalistas compraram. Em quatro dias ela estourou e colapsou todo o sistema bancário. As pessoas que não tinham nenhuma experiência em promover manifestações políticas foram às ruas e ameaçaram queimar o parlamento. Foi, basicamente, o que derrubou o governo, um processo popular. Quando a poeira começou a baixar, começamos a receber informações de como os bancos armavam as fraudes; o trabalho interno. O que todos achavam que era um milagre econômico era simplesmente o trabalho de jovens banqueiros com tendências doentias por jogos. Em 2009 eu conheci o WikiLeaks, quando ele expôs pela primeira vez esse sistema ao publicar a carta de empréstimos do maior banco da Islândia. Eles eram tão poderosos que controlavam governos e as instituições que deveriam monitorá-los. Para mim, foi um momento chave de mudança quando eu percebi que ele podia expor o que meus colegas jornalistas não expunham, as falcatruas. Nesse período, conheci Julian Assange na Islândia e nos tornamos amigos. Ele me contou que a proposta do WikiLeaks era baseada no ideal dos hackers australianos do final dos anos 1980, e, embora o termo hacker tenha hoje uma conotação ruim, trabalhava com a ideia clara e simples de que a informação deve ser pública. No momento em que me engajei, esse movimento estava crescendo em espiral, vindo à tona esses vazamentos massivos que temos publicado desde abril do ano passado. O primeiro foi o vídeo do helicóptero num ataque ao Iraque [Assassinato colateral], que me deixou muito chocado. A ideologia do WikiLeaks é muito simples e direta: trata-se de liberdade de informação, transparência e importância dos informantes que ajudam a revelar corrupção e má conduta. Quando a notícia é apropriadamente disseminada, pode ser um veículo de mudança social, para trazer o que chamamos de justiça.

BF - Qual balanço vocês fazem do resultado desses vazamentos?
KH - É difícil avaliar os impactos, mas talvez o mais forte tenha sido o psicológico. Por mostrar que uma organização pequena pode expor as grandes más ações das nações mais poderosas, que tem o impacto de dar poder ao povo e convencê-lo de que a justiça é possível. De que é possível trazer mudanças sociais por meio da ação direta. Nós mostramos tantas informações novas sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão, expondo suas realidades, que foi possível contar o que realmente aconteceu a partir dos próprios atores que dela participaram, dos papéis oficiais. Os papéis jogaram luz sobre a vocação imperialista dos EUA no mundo e mostraram como eles operam em cada país, além das informações de má conduta que os próprios EUA encontraram nesses países.

BF - Você vê relação entre os vazamentos do WikiLeaks e a Primavera Árabe e os movimentos “Occupy”?
KH - É quase certo que, quando começamos a expor os papéis da Tunísia, por exemplo, isso foi como um catalisador que deixou as pessoas mais furiosas para fazer a transformação. Não queremos superestimar o papel do WikiLeaks, mas acredito que as pessoas ficaram mais dispostas após os vazamentos. Mas o real ponto de virada foi a autoimolação do jovem Mohamed na praça, que derrubou o Ben Ali em dez dias. Não quero exagerar, mas acredito que alguma dose de contribuição foi dada naqueles processos. Quando as pessoas derrubaram os ditadores na Tunísia e Egito, perceberam que podiam derrubar também os maiores ditadores de todos, os bancos, o capital financeiro, as grandes corporações, que na realidade causaram mais estragos do que qualquer praga. Não houve mudanças, mesmo com esse efeito devastador. Foram socorridos financeiramente, não houve regulação do sistema financeiro em lugar nenhum. Os movimentos “occupy” são grandes apoiadores do WikiLeaks, reconhecem-se de alguma forma como lugar de inspiração. Começaram pequenos e foram crescendo, e a expectativa é a de que haja mais impulso e ganhe um papel mais proeminente. Esperamos poder entregar ainda muito mais informação sobre as instituições financeiras, que em geral trazem muito segredo e muita corrupção, geralmente em graus próximos, proporcionais. Da mesma forma em que segredos de Estado são geralmente justificados para proteger as pessoas contra o terrorismo etc, no caso financeiro, os segredos dos bancos são considerados essenciais, mas na prática são uma forma de esconder as “falcatruas”.

BF - Vocês trabalham com informações prontas ou há situações em que, a partir do vazamento de um documento, é preciso investigar mais, aprofundar a apuração? Apenas a exposição da informação é suficiente?
KH - Fizemos isso seja por nossa própria conta ou via parceria com outros órgãos de mídia. Depende basicamente da natureza do material. No caso do vídeo do helicóptero, trouxemos mais informações internas e divulgamos as duas coisas ao mesmo tempo, o vídeo e as informações mais detalhadas. Claro que as informações do Iraque e do Afeganistão tornaram o WikiLeaks mais famoso, mas antes disso já vínhamos trabalhando informações sobre falcatruas em todas as partes do mundo, como o banco do Julius Baer na Suíça, a Igreja da Cientologia, o despejo de lixo tóxico na África, corrupção no governo queniano… Havia um largo escopo de informações que foram sendo reveladas aos poucos, e quando você as junta vê que não é uma agenda meramente antiestadunidense.

BF - O trabalho do WikiLeaks mostrou a hipocrisia do discurso da liberdade de expressão e do direito à informação. Você diria que as garantias legais de liberdade de expressão nas democracias ocidentais são fracas?
KH - Um dos aspectos psicológicos mais interessantes do trabalho é justamente expor essa hipocrisia. É hilário, por exemplo, comparar um discurso da Hillary Clinton, em janeiro de 2010, falando da importância da internet para informantes conseguirem vazar esquemas de corrupção na China, e alguns meses depois se deparar com a mesma exposição, mas de seu próprio governo. O tom mudou completamente. Expusemos também a hipocrisia na mídia corporativa; revelamos, por exemplo, quão suscetíveis são empresas como o New York Times e o The Guardian para uma cultura de autocensura e de cooperação com o governo. Esses são alguns efeitos colaterais da nossa atuação. No que se refere à legislação, é frustrante ver como, ao invés de se partir de um ponto extremo de que tudo deve ser livre, com algumas exceções muito bem definidas, quando se vai trabalhar no aspecto legal em relação à democratização da informação parte-se do contrário: o segredo é a regra, apenas algumas coisas devem ser públicas, o que fere a lógica do direito público ao acesso à informação. Há também a tendência, em grande parte dos governos ocidentais, de privatizar parte importante da esfera pública, jogando o que devia ser público para o privado e acabando com a liberdade de informação. Esse é um dos problemas que fazem a ideia da liberdade de informação menos efetiva.

BF - Qual seria a grande mudança no WikiLeaks desde o início do trabalho? Aumentou a credibilidade ou o impacto, ou eles vêm juntos? O WikiLeaks pode, hoje, garantir que se houver uma informação ele vai divulgar e que, se divulgar, ela vai repercutir?
KH - Nós publicamos informações que foram escondidas ou suprimidas e que são de relevância política, histórica, social ou econômica. Nós somos o refúgio dessas informações. Somos a agência de inteligência do povo. A CIA do povo.

BF - De quanto o WikiLeaks precisa para continuar trabalhando?
KH - 3,2 milhões de dólares. Uma boa parte vai ser usada para promover batalhas legais contra as corporações financeiras que estão fazendo o bloqueio econômico ao WikiLeaks, como Visa, Mastercard, PayPal, Bank of America, Western Union… vamos destruir esses canalhas. Estamos falando de expor governos, mas, pela resposta que essas organizações financeiras deram ao nosso trabalho, fica claro a quem esses governos estão ligados. Visa, American Express, estão todos ao nosso redor, e mantêm a ideia de que não são políticos, de que funcionam para todos… Você pode dar seu dinheiro para a Ku Klux Klan com seu Visa, patrocinar zoofilia com seu Mastercard, pode bancar movimentos nazi da Europa, grupos de extrema direita, você pode comprar quase tudo, menos doar para o WikiLeaks. (Colaborou Natália Viana)

Senado aprova PEC do Diploma dos Jornalistas com 65 votos

Extraído do sítio da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)



Em votação realizada na sessão desta quarta-feira (30), o Senado aprovou, com 65 votos favoráveis e 7 contrários, a PEC 33/2009, do Senador Antônio Carlos Valadares (PSB/SE), que restitui a exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista. De norte a sul do país a categoria comemora.

A sessão do Senado foi acompanhada com apreensão pelo diretor da FENAJ José Carlos Torves e por José Nunes, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Rio Grande do Sul, Francisco Nascimento, vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco, e Lincoln Macário, presidente do Sindicato dos Jornalistas do Distrito Federal, que comemoraram após a divulgação do resultado no placar do plenário.

Para o presidente da FENAJ, Celso Schröder, a expressiva votação foi emblemática. “Representou o desejo do Senado de corrigir um erro histórico do STF contra a categoria profissional dos jornalistas”, disse. Ele agradeceu o esforço de todos os parlamentares que se empenharam pela aprovação da matéria, especialmente o autor da PEC, senador Valadares, e o relator, senador Inácio Arruda (PCdoB/CE), e parabenizou a categoria e os Sindicatos de Jornalistas pela persistência nas mobilizações em defesa do diploma.

O diretor de Relações Institucionais da Federação, Sérgio Murillo de Andrade, também avalia que o Senado corrigiu um erro grave do STF, cometido em 2009, e que “surpreendeu toda a sociedade, que visivelmente passou a apoiar nossa luta pelo resgate da dignidade da profissão”.

Temporariamente “de alma lavada”, Sérgio Murillo lembra que o “primeiro round” desta luta foi vencido. “Devemos e merecemos comemorar, mas nossa mobilização tem que prosseguir cada vez mais forte para assegurar a vitória da restituição da exigência do diploma para o exercício da profissão tanto no Senado quanto na Câmara dos Deputados”, concluiu.

PSDB têm sucesso em nova tentativa de golpear ZFM




Hoje (30) pela manhã, a votação da PEC da Música aprovou a iniciativa liderada pelo deputado Otávio Leite (PSDB-RJ) de enfraquecer a Zona Franca de Manaus (ZFM) com a perda de postos trabalhos no Pólo Industrial da cidade(PIM). Por 395 votos a favor, 21 contra e quatro abstenções, foi aprovada a medida que culminará com a extensão de benefícios fiscais da produção de CD’s e DVD’s para todo Brasil - quebrando a exclusividade do nosso parque industrial – e, se aprovada também no senado, pode erradicar essa cadeia produtiva daqui.


A tal PEC tramita na Câmara há anos e ganhou força a partir deste, coincidentemente no ano em que Vanessa Grazziotin foi para o Senado. A parlamentar liderou, enquanto deputada federal, diversos movimentos para barrar o golpe dos tucanos.

O partido de Otávio Leite foi liderado na mesma Câmara e, posteriormente no Senado, por Arthur Virgilio Neto. Derrotado em sua campanha pela reeleição ano passado, aquele que se rotula defensor ardoroso da economia do estado permanece como sempre esteve: sem dá nenhum de seus gritos escandalosos contra a iniciativa que prejudica o estado.

A maior demonstração de sua preocupação é o título de seu artigo publicado nesta quarta-feira (30) no Portal do Hollanda: “França”, no qual trata da economia daquele país. Em pleno levante da bancada amazonense no Congresso Nacional pela manutenção dos postos de trabalho e pelo fortalecimento do modelo de desenvolvimento econômico local, Virgilio deixa claro de que lado sempre esteve e buscou, até aqui, mascarar.

Eron Bezerra faz apresentação do livro "Dinho, herói da Amazônia"

Como registro do lançamento “Dinho, herói da Amazônia”, publico abaixo a apresentação, de autoria de Eron Bezerra, Secretário de Estado da Produção Rural e autor de “Amazônia, esse mundo à parte”.


“Ao lado das forças egoístas – a serem reduzidas a meios de conservar o indivíduo e a espécie – existem no coração do homem tesouros de amor que a vida em sociedade sublimará cada vez mais” (versos do credo de Rondon).

A origem do Estado de Rondônia está profundamente relacionada às questões da terra. Ao cumprir sua missão, o militar e sertanista brasileiro Cândido Marinho da Silva de Rondon – de onde se originou o nome do Estado – abriu caminhos, desbravou terras, fez mapeamentos de terrenos e, principalmente, estabeleceu relações cordiais com os índios ou donos da terra, dos quais era oriundo por patê de seus bisavós.

Atualmente, a terra ainda é o cerne das questões do Estado de Rondônia, porém, não mais pelo desbravamento dos ignotos sertões da Amazônia brasileira. Hoje a terra é motivo de conflitos entre ruralistas e os sem terra. Esses confrontos resultam em mortes, torturas, tentativas de assassinatos, prisões, expulsões e intimidação por parte dos jagunços e da própria polícia.

Em 1995 a Fazenda Santa Elina, em Corumbiara, foi palco de um dos maiores infortúnios agrários ocorridos em Rondônia e que ficou conhecido internacionalmente como Massacre de Corumbiara, no qual tombaram 16 pessoas! Relatos como este fazem parte do livro “Dinho, herói da Amazônia”, de autoria do engenheiro agrônomo José Barbosa de Cravalho. A obra é uma compilação dos encontros do Movimento Camponês de Corumbiara (MCC) e da Jornada Escuta Brasil, que abordam o crescimento funesto dos conflitos agrários em Rondônia.

No livro, o autor reforça a eclosão conflituosa no campo com a inclusão de relatórios da Comissão Pastoral de Terras (CPT), que desde a sua fundação, em 1975, divulga anualmente o mapa de conflitos agrários no Brasil. Em 2009 foram mais de mil conflitos, com 25 mortes, 71 torturas, mais de 140 ameaças de morte, 204 prisões e mais de 12 mil famílias despejadas! Ainda, de acordo com a CPT, nas últimas duas décadas têm ocorrido significativos e alarmantes conflitos agrários na Amazônia.

Em 2011, foi a vez de Dinho. Sua vida foi arrancada por esses madeireiros na frente de sua esposa e de duas filhas pequenas. Dinho levava sua produção para ser comercializada numa feira em Bela Vista di Abunã quando fooi surpreendido com tiros e não resistiu. Muitos outros tiveram as vidas ceifadas e ainda terão, infelizmente. Mas Dinho deixou um legado de luta e resistência. E merece ser lembrado como herói.

O livro “Dinho – herói da Amazônia”, expõe a trajetória dos movimentos agrários no Brasil, em particular no Estado de Rondônia, um dos nove estados que compõe a Amazônia Legal, com objetivo de contribuir com o movimento camponês brasileiro, em particular o da Amazônia. O autor – um estudioso da questão agrária no Brasil, e autor do livro Desmatamentos, Grilagens e Conflitos Agrários no Amazonas -, proporciona nesta obra uma reflexão sobre a desigualdade vivenciada pelos pequenos produtores rurais, peões, posseiros, índios e migrantes que lutam contra os ruralistas e grileiros por um pedaço de terra.

Para quem vive no campo, um pedaço de terra, por menor que seja, representa não apenas um teto, mas o sustento de uma família e, porque não, de uma nação. Nos mais de quatro anos em que estou à frente da Secretaria de Produção Rural do Amazonas ampliei meu parco conhecimento sobre a reivindicação pelo fim da reforma agrária economicista, na qual prevalece o enriquecimento dos empresários rurais à custa da exploração dos pequenos trabalhadores do campo.

Com a leitura deste trabalho, é possível entender porque o MCC resolveu radicalizar em suas manifestações, como por exemplo, ao bloquear a BR-364. Em cada relato é possível perceber a abordagem responsável sobre a íntima reforma agrária na Amazônia, segundo a visão de quem não apenas estuda a questão agrário no Brasil, mas acompanha o MCC desde fevereiro de 2002.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

A prisão do articulador de Serra e o jornalismo cínico do PIG




Ao longo da formação acadêmica dos jovens que cursam jornalismo - processo que também pode ser compreendido como adestramento de jovens para servir o modelo elitista e semi-democrático dos meios de comunicação do Brasil -, se aprende a tal da Agenda Setting. Enquanto conceito e dissociado de um contexto, as universidades empurram goelo abaixo dos estudantes que se trata de um mecanismo de seleção de notícias dentre várias outras que poderiam ser veiculadas. Nada mais!

Mais claro que os livros técnicos da área não têm objetivos tão modestos assim. Para além disso, pretendem inculcar os critérios da mídia privada sobre o que é prioritário para predominar nos noticiários. Chavões aparentemente ingênuos como “se um cachorro morder alguém não é notícia, mas se o homem morder o cachorro, sim” são adotados como táticas para empurrar outros mais comprometedores: “Um acidente, assalto ou assassinato na periferia não recebe destaque, a menos pelo grau de gravidade. Mas em bairro nobre, dificilmente deixa de ser”. E assim por diante.

A domesticação, no entanto, revela efeitos mais devastadores do que a aparente ingenuidade dos livros. A negação da prisão de João Faustino (na foto, discursando em convenção do PSDB), ou uma pífia repercussão do fato, revela na prática o que representa esse filtro. Num período em que a família Civita, proprietária da editora abril, se utiliza do manto da ética para provocar a demissão de vários ministros, omitir a prisão de um dos fundadores do PSDB e articulador da campanha de José Serra em 2010 é no mínimo estranho, já que também nesse caso se trata de um personagem ligado aos desdobramentos da política nacional.

Ficam expostas, mais uma vez, as vísceras do Partido da Imprensa Golpista (PIG). Cada vez mais a ligação das grandes corporações de mídia com os partidos de direita deixam de se tornar argumento do campo progressista para ser assumida por donos de veículos de comunicação. Está muito mais evidente para onde direcionam a tal da agenda setting, o cinismo com que problematizam a ética, a imparcialidade fingida e o porco serviço que prestam ao povo.

Alguém ainda precisa de mais subsídios para lutar por uma regulamentação da comunicação que democratize o setor e, também, por uma universidade que absorva mais às demandas populares?

Quem afinal é João Faustino Ferreira Neto, articulador de Serra preso em RN?

por Luiz Carlos Azenha, no blog Vi o mundo


João Faustino Ferreira Neto, suplente do senador José Agripino Maia (DEM-RN), foi preso em Natal durante a Operação Sinal Fechado, deflagrada pelo Ministério Público Estadual. Foi acusado de pertencer a uma organização criminosa que teria atuado junto ao Departamento de Trânsito do Rio Grande do Norte. Ele e outros nove acusados tiveram a prisão temporária prorrogada até o próximo sábado, 2 de dezembro.

As acusações, basicamente, se referem ao que o MP chamou de golpes: um, o que obrigava os tomadores de financiamentos para compra de veículos do Rio Grande do Norte a registrar as transações em cartório (com custo de 130 a 800 reais por veículo, segundo o MP); outro, referente à contratação de uma empresa para fazer a inspeção veicular nos moldes da que a empresa Controlar faz em São Paulo.

O Blog do Barbosa, do Rio Grande Norte, reproduzido pelo Conversa Afiada, republicou entrevista dada por João Faustino ao Jornal do Commercio, do Recife, no dia 8 de agosto de 2009.

Trechos:

JORNAL DO COMMERCIO – Qual é a sua relação com o governador José Serra?
JOÃO FAUSTINO FERREIRA – Eu era subchefe do Gabinete Civil do governo de São Paulo. Deixei essa função para colaborar com o governador. Ele ainda não formou sua equipe de coordenação (de campanha), não existe ainda um coordenador, nem coordenadores regionais. Estou colaborando na condição de amigo pessoal dele, de colaborador que sou dele. Fui vice líder de Serra na Câmara dos Deputados. Sempre que convocado por ele, como eu tenho sido, procuro colaborar com esse projeto de 2010. Esse projeto (2010) ele só quer deflagrar a partir de fevereiro do ano que vem. Os eventos dos quais ele participa são eventos meramente administrativos, culturais, não têm assim a conotação nitidamente política. Tanto que em Exu ele fez questão de ser recebido quase que exclusivamente por lideranças locais.
[...]

JC – Quando o senhor foi afastado da subchefia do Gabinete Civil do governo Serra?
FAUSTINO – Em janeiro desse ano.

JC – Para assumir a coordenação da pré-campanha de José Serra no Nordeste?
FAUSTINO – Exatamente por não se estar em campanha é que não existe coordenador. Existem pessoas que colaboram com esse momento do governador – na condição de líder nacional que ele é – em várias regiões do país.

JC – Mas o senhor é filiado ao PSDB ou foi contratado pelo partido?
FAUSTINO – Eu sou fundador do partido. Sou uma das 18 assinaturas da aprovação do manifesto partidário (manifesto de criação do PSDB). Em Pernambuco, eu estive ao lado de Cristina Tavares (ex-deputada federal que faleceu em 1992), Egídio Ferreira Lima (ex-deputado federal), para não falar em Mário Covas (ex-governador de São Paulo que faleceu em 2001), Franco Montoro (ex-governador de São Paulo que faleceu em 1999), José Richa (ex-senador pelo Paraná que faleceu em 2003), Pimenta da Veiga (ex-presidente nacional do PSDB). Portanto, tenho uma presença partidária de fundador do partido. Me interesso muito por esse projeto de 2010, essa presença em várias regiões do país.

JC – O senhor é nordestino?
FAUSTINO – Sou Pernambucano, mas faço política no Rio Grande do Norte. Fui deputado por 16 anos, quatro mandatos, e hoje sou o primeiro suplente do senador Garibaldi Alves. Meu território político é o Rio Grande do Norte.

JC – Uma função de subchefe do governo de Serra presume uma razoável proximidade do senhor com o governador.
FAUSTINO – Eu conheço Serra há 50 anos. Fizemos política estudantil juntos. Participamos do Congresso (estudantil) de Santo André (SP), em 1963. Trabalhei com ele para que fosse presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), hoje transformada em casa de pelegos. Na época eu fazia política estudantil no Rio Grande do Norte e era presidente da UEE (União Estadual dos Estudantes) e Serra era presidente da UEE em São Paulo. Depois, ele foi para o exílio e eu fiquei por aqui. Fui perseguido pelo regime militar, preso, mas fiquei no batente. Com a volta de Serra, ele se elege deputado federal e me convoca para ser vice-líder dele. Depois, quando ele foi ministro da Saúde, servimos juntos ao governo Fernando Henrique. Já sem mandato, eu ocupei o cargo de secretário-geral da Presidência da República. Nós sempre tivemos um excelente relacionamento.

É importante fixar as informações acima antes que a gente esmiuce as 189 páginas do relatório que fundamenta o pedido do MP potiguar de busca e apreensão domiciliar e pessoal e sequestro de bens.

Além de João Faustino, também foram acusados de envolvimento o filho dele, Edson José Fernandes Ferreira, e o genro, Marcus Vinicius Saldanha Procópio. Quem quiser se adiantar, o relatório está aqui, conforme publicado pelo NoMinuto, do Rio Grande do Norte. Abaixo, como o trio é descrito no relatório:


(reprodução do texto do relatório)

c) João Faustino Ferreira Neto: servidor público e suplente de senador. Também atua como "lobista". Há provas de que já se envolveu em negociatas com George Olímpo, Marcus Procópio , entre outros, comm relação ao registro de contratos de financiamento de veículos em cartório. Há provas de que já teria recebido promessa de vantagem indevida através da cota de participação nos futuros lucros do Consórcio INSPAR, tanto pela sua atuação no Governo passado, em que contribuiu para a contratação irregular desse consórcio INSPAR, tanto pela sua atuação no governo passado, em que contribuiu para a contratação irregular desse consórcio, como pela suas gestões para manter a contratação do mesmo pelo governo atual. Há evidências de que receberia pagamento mensal de George Olímpo, em torno de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

c) Edson José Fernandes Ferreira (EDSON FAUSTINO): Filho de João Faustino Ferreira Neto . Amigo de George Olímpo. Já foi denunciado criminalmente pelo Ministério Público Federal - Procuradoria da República em Governador Valadares - MG , por se valer da proximidade perante agentes públicos para defender interesses interesses de grupos privados, sendo conhecido como "lobista". Foram identificadas comunicações do mesmo com George Olímpo, datadas de meados de de fevereiro de 2008, no que se refere à fraude do registro dos contratos de financiamento de veículos. Além disso, agora, em 2011, há evidências de que o mesmo teria prestado colaboração à organização.

h) MARCUS VINICIUS SALDANHA PROCÓPIO: "lobista" natalense, ligado a João Faustino, seu genro. Há provas de que foi contratado George Olímpo, recebendo R$ 5.000,00 mensais, para colaborar com as fraudes. Teve forte papel na intermediação entre os agentes públicos aos quais foi paga propina e ofericida promessa de vantagem indevida no caso do Consórcio INSPAR. Há provas de que atua com George Olímpo e João Faustino desde o contrato com registro de financiamento de veículos, até a contratação fraudulenta do Consórcio INSPAR.



* Com documentação de órgão público divulgada a imprensa, o que motiva o silêncio das maiores emissoras de rádio e TV, dos seus portais de notícias e das principais revistas semanais? Se for pela declarada relação com Serra, o fato de ser um dos fundadores de um partido de direita que já elegeu presidente da República, então onde fica a imparcialidade desses veículos de comunicação?

Conversa que circula entre membros da direita sobre prisão de articulador de Serra

Extraído do blog Conversa Afiada, de Paulo Henrique Amorim






Fala 1: Pelo conteúdo, parece que é nosso.

Fala 2: Pelo cheiro, temho certeza.

Fala 3: Pelo tamanho, deve ser do Agripino!


E o Partido da Imprensa Golpista (PIG), diz o quê? Os chamados arautos da ética, não irão questionar isso? Quantas capas de revistas foram dadas para esse assunto? Quantas chamadas nos telejornais? Os "esclarecidos" desconhecem o assunto?

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Blogueiro de Maués relata devastação da floresta e descaso dos órgãos públicos

Extraído do Blog Aldemir de Maués, publicado ontem (27)


09:30 - A cerca de 30 minutos, não foi possível fotografar, pois a balsa já havia passado da extensão da nossa orla, acabou de passar em frente da nossa cidade, uma balsa lotada com madeiras em tora.Enquanto o Instituto Chico Mendes quer nos tomar cerca de mais de um milhão de hectares de nosso território, os órgãos de fiscalização, deixam os madeireiros agirem sem nenhuma fiscalização concreta. O correto, seria a instalação de um posto estruturado, com fiscais 24 horas, e aparelhos de comunicação via rádio com todos os órgãos que fiscalizam o meio ambiente. Só assim, seria possível saber se as madeiras que saem de nosso município estão ou não legalizadas. A olho nu, é difícil sabermos se as balsas que saem com madeira estão legais ou não. Quem deveria fiscalizar para obter essa resposta e conferir os documentos, seria o pessoal autorizado dos órgãos fiscalizadores, SEDEMA, IPAAM e IBAMA.

Enquanto isso não acontece, os madeireiros continuam devastando nossas florestas e nada sabemos a respeito da legalidade ou não de suas atividades. Seria de bom grado, que o Instituto Chico Mendes, ao invés de querer nos tomar grande extensão de nosso território, o qual o Instituto não terá como fiscalizar na sua totalidade, deveria estar buscando parcerias para a solução do desmatamento que está acontecendo em nosso município desde 2001 e nada de concreto foi feito. Apelamos mais uma vez para que alguma autoridade possa intervir evitar esse crime ambiental que já cansamos de denunciar.

Quando é um ribeirinho que derruba um roçado para plantar sua roça de sub-existência ou para expandir o plantio de guaraná, o tal Chico Mendes os atua na forma da lei e para esses madeireiros que não estiverem legalizados? Nada, neste caso, a lei só prevalece para os mais fracos.

Holanda que come pedra sabe o portal que tem

Extraído do blog Identidade Bentes

Quem acompanha o blog “O Caso Bianca Abinader” e as redes sociais na Internet sabe que o ex-deputado Ronaldo Tiradentes, dono da Tiradentes FM e retransmissora da CBN em Manaus, criou, há quase dois anos, a maior farsa midiática de que se tem notícia na História das comunicações do Amazonas. Para quem não conhece, recomendo fortemente visitar o blog com um saco de vômito nas mãos, apenas por prevenção. Resumidamente, trata-se da perseguição doentia da CBN Manaus contra a médica Bianca Abinader, uma das líderes do movimento cidadão “Manaus de Olho”. Para conhecer todo o calvário da médica, leia a série “Primavera de Manaus”, veiculada pelo jornalista Luis Nassif.

Também é conhecido o fato de que Ronaldo, após uma série de acusações sem provas, ofensas e toda a sorte de leviandades sem qualquer direito de resposta – tanto no blog que mantém sob a marca CBN quanto nos microfones da rádio – acabou, finalmente, levando um puxão de orelha da própria Mariza Tavares, diretora da própria CBN. Tudo porque a perseguição – e não jornalismo – ficou clara até para os leitores mais acríticos da rede mundial de computadores. Para tentar disfarçar o indisfarçável, Ronaldo passou a recorrer a outras fontes de credibilidade tão dúbia quanto a dele para dar coro às suas “denúncias”. E não poderia ser outro, além do blogueiro Raimundo Holanda.

Em não raras ocasiões, Holanda abriu espaço para Ronaldo fazer as mesmas acusações, leviandades e mentiras que já foram, por várias vezes, desmentidas por documentos – material que pode ser visualizado no blog “O Caso Bianca”. Na agressão mais recente, Tiradentes envolveu até o ex-prefeito, dizendo que a médica passara em concurso fraudado para trabalhar na Prefeitura de Manaus. O que é de se estranhar – ou não, tendo em vista o perfil “profissional” dos dois, Tiradentes e Holanda – é que, num passado não muito distante, as mesmas figuras que hoje batem bola com a mentira batiam bola um contra a cara do outro.

Em uma postagem do dia 29 de maio de 2008, Holanda denunciava que Tiradentes havia pedido a sua prisão após o blogueiro denunciar, na polícia, que o ex-deputado o ameaçara de morte. Tiradentes negou e argumentava que a prisão de Holanda se fazia necessária pelo grau de “periculosidade”, e que jamais o havia citado na rádio ou o ameaçado. Em sua defesa, o ex-deputado dizia que se manifestou na rádio contra blogs que atacavam a “honra” de “personalidades do Estado”. Holanda, por sua vez, levou à polícia duas testemunhas, sendo uma amiga de Ronaldo, que admitiu que o ex-deputado disse, antes do programa, que falaria sobre Holanda. De acordo com a tal testemunha, Ronaldo também admitiu que ligou para o blogueiro para ameaçá-lo.

A informação não é minha, mas estava publicada no próprio “Portal do Holanda” até ontem (dia 21 de novembro). Coincidentemente, ela acabou “sumindo” do site após ser lançada nas redes sociais. De acordo com a própria “notícia”:


“‘…seja requerida à autoridade competente a PRISÃO PREVENTIVA do Representado (Raimundo Holanda) tendo em vista o altíssimo grau de periculosidade do mesmo, acrescido pelo fato de que sua liberdade representa a manutenção desenfreada de ataques a honra de autoridades estaduais’. Assina: Ronaldo Lázaro Tiradentes.

O radialista Ronaldo Tiradentes representou contra o jornalista Raimundo Holanda, depois que este fez uma denúncia de ameaça de morte no 3° Distrito Policial. Ronaldo diz que a denúncia é caluniosa e negou que durante o programa veiculado na CBN, segunda-feira, tenha atacado o editor do BlogdoHolanda, mas blogueiros que, ‘segundo ele, se ocupam de blogs na internet, seja pessoalmente ou através de leitores anônimos, para denegrir de forma generalizada a honra de destacadas personalidades do nosso Estado’.

Para sua surpresa, diz o radialista, Raimundo Holanda vestiu a carapuça. No seu depoimento no Distrito Policial, ontem, Holanda invocou duas testemunhas, uma das quais amiga de Ronaldo, para quem o radialista, antes do programa de rádio na CBN, disse que falaria do editor do Blogdoholanda. Também a esse mesmo amigo, Ronaldo admitiu que ligou para o proprietário do Blog, que havia ameaçado de morte horas antes. O radialista, que também é advogado, pede a prisão preventiva do jornalista, que considera ‘perigoso’.

O Blog divulga a representação de Ronaldo Tiradentes, por se tratar de documento oficial e não poderia privar seus leitores do notável saber jurídico de um dos mais ilustres advogados do Amazonas.”

Esta não é a única ocorrência de desentendimentos dos agora amigos inseparáveis Raimundo Holanda e Ronaldo Tiradentes. O intrépido tuiteiro Silvio S. Silva tratou de enviar, a estA Identidade Bentes, duas outras pérolas de Holanda sobre Tiradentes – também publicada no mesmo “Portal do Holanda”. Trata-se, portanto, de um caso de amor antigo que, entre tapas e beijos, sempre acaba na cama da causa comum – no caso, a difamação da médica Bianca Abinader em prol do bem estar do chefe, a Prefeitura de Manaus.

Novembro: mês da virada para este blog




A proximidade do final desse décimo primeiro mês do ano traz uma avaliação para lá de positiva sobre esse blog. Nesse breve período, o aprofundamento da iniciativa de destrinchar o processo de construção da notícia por parte do Partido da Imprensa Golpista (PIG), a abordagem de pautas próprias e a negação da máscara jamais existente da imparcialidade trouxe várias boas surpresas.

Para qualquer canal difusor de informação, a audiência – nesse caso, os clicks – é um critério importante para certas análises. E, por esse viés, há muito a se comemorar: desde o dia primeiro, o número de visitantes nesse endereço já ultrapassou o dobro do segundo melhor mês de acessos. Um crescimento vertiginoso!

Mais dados positivos também à respeito da influência que os assuntos discutidos a partir daqui ganharam. O principal deles, talvez, seja a série de postagem sobre o livro “Dinho, herói da Amazônia” e os dilemas vividos pelo seu autor, José Barbosa. Depois de muita porta fechada de editores locais e nacionais, ameaça de morte de gente ligada a fazendeiros do sul do Amazonas e ter que andar sob escolta policial, Barbosa lançou, ontem (27), seu livro que trata da vida do líder camponês líder de Corumbiara. O assunto, inclusive, ganhou as páginas de jornais a partir da entrevista divulgada aqui. Pautamos a agenda cultural da cidade e o PIG baré!

Para além desse caso específico, notamos um barulho maior na repercussão desse humilde endereço. Recebi convite para participar do Instituto Adelino Ramos e várias e várias mensagens de apoio, congratulações e sugestões no Facebook, utilizado como instrumento para divulgar nossas postagens. Além disso, cheguei nos dias finais desse mês com uma carga a mais de trabalho: a confecção dos textos da revista de balanço da atual gestão da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), que terminará seus trabalhos em São Paulo no próximo 4 de dezembro; mão de obra adquirida a partir da visibilidade das opiniões sobre o papel, a importância, as limitações e os novos desafios do movimento estudantil no Amazonas e no Brasil expressas aqui!


Quem vem com tudo não cansa!

A frase acima, eternizada pelas mãos e pela voz de Cazuza e tema de uma campanha da União da Juventude Socialista (UJS), representa bem a maneira como recebemos esses dados. Mais do que uma pausa para descanso e felicitações, nos lançamos a desafios mais ousados. Para ampliar todos os resultados ditos acima, uma dose bem maior de profissionalismo. Em dezembro, ganharemos um layout original, consultaremos profissionais para identificar a melhor ferramenta para hospedar o blog, teremos atualizações diárias, iremos abordar mais pautas próprias e intensificar a bateria de desconstrução das distorções informativas do PIG. Continuem conosco, tragam mais um e juntos “Vamos Pintar o Mundo de Povo”.

domingo, 27 de novembro de 2011

Faustino preso; Serra mudo. E a mídia?


Extraído do blog do Miro


Na quinta-feira passada, a operação “Sinal Fechado” do Ministério Público Federal resultou no pedido de prisão de 14 pessoas no Rio Grande do Norte. Elas são acusadas de fraudes bilionárias na inspeção veicular – o mesmo esquema que bloqueou os bens do prefeito Gilberto Kassab. A mídia até tem tratado do escândalo na capital paulista, mas evita destacar as prisões em Natal. Por que será?

Um dos envolvidos no escândalo potiguar, já preso e acusado de ser o chefão da quadrilha, é o tucano ricaço João Faustino, suplente do senador Agripino Maia, presidente nacional do DEM. Mais grave ainda: Faustino foi um dos homens-fortes da campanha de José Serra em 2010. Enquanto o esquecido Paulo Preto chefiava a arrecadação de recursos financeiros em São Paulo, ele fazia a coleta nacional.

Relação antiga e sólida

As relações entre Faustino e Serra são antigas. Ele foi o seu subchefe da Casa Civil em São Paulo, subordinado ao ex-secretário Aloysio Nunes Ferreira, eleito senador no ano passado. Quando o grão-tucano se afastou do cargo de governador para disputar o pleito presidencial, Faustino foi acionado para o comando da campanha nacional – principalmente na área de arrecadação de recursos.

Até agora, José Serra, que adora se fingir de paladino da ética, nada falou sobre Faustino. Nem sequer prestou apoio ao seu amigo preso, ao antigo colaborador no Palácio dos Bandeirantes – bem diferente da postura “solidária e humanista” do demo Agripino Maia, outro ícone da “ética”, que logo inocentou seu suplente ricaço. Ingrato, o falante Serra está calado.

Cadê a Veja e o Jornal Nacional?

Já a mídia hegemônica, sempre tão imparcial e neutra, evita dar destaque para a prisão do arrecadador tucano, homem-forte de Serra. Faustino ainda não virou capa da Veja. Willian Bonner e Fátima Bernardes não fizeram cara de nojo no Jornal Nacional da TV Globo. Os jornalões dão apenas pequenas notinhas, nada de manchetes ou das tais reportagens “investigativas”. Estranho, não é?

E olha que o caso é cabeludo. Renata Lo Prete, da Folha, informa hoje (27) que “tucanos graúdos se mobilizam intensamente nos bastidores para avaliar a situação e projetar os danos da prisão de Faustino, que foi o número dois do hoje senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) na Casa Civil durante o governo de José Serra”. Então, por que a mídia não faz seu costumeiro escarcéu? Ela é seletiva?

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Simpósio Internacional de Florestas busca soluções sustentáveis

Extraído do sítio do INPA


O evento acontece de 28 a 30 de novembro no Auditório da Ciência (acesso pelo Bosque da Ciência)

A Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) declarou 2011 como o Ano Internacional das Florestas. A partir dessa decisão, o Programa de Ciências de Florestas Tropicais do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) do Brasil resolveu, em consenso com a ação da ONU realizar o evento “Florestas: Perspectivas político-sociais, científicas e acadêmicas”.

O simpósio visa a sensibilização para a gestão sustentável, conservação e desenvolvimento de todos os tipos de florestas no planeta. Reunirá personalidades do cenário político, científico e acadêmico propondo uma discussão dos principais temas que envolvem as florestas.

Estão convidados cientistas, empresariado, políticos, alunos, professores e coordenadores de pós-graduação da área de floresta que exerçam atividades afins no Brasil e no exterior, e também a mídia. Para entrar é preciso credenciais ou convites.

Para mais informações sobre o evento e a programação, acesse: http://aif2011.inpa.gov.br/index.php.

O Simpósio é patrocinado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), com apoio de AFM Publicidade e eventos e Coordenação de Tecnologia da Informação (CTIN/Inpa).

ANP proíbe Chevron de perfurar poços no Brasil


Extraído do Portal Vermelho


Após 16 dias de vazamento de petróleo no mar do Rio de Janeiro, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) determinou nesta quarta (23) a suspensão das atividades da petroleira norte-americana Chevron, responsável pela operação do Campo de Frade, na Bacia de Campos.

A proibição de perfurar novos poços de petróleo somente poderá ser revogada quando forem esclarecidas as causas e responsabilidades do acidente, além da empresa garantir o restabelecimento das condições de segurança na plataforma.

A ANP também negou à petroleira o pedido de perfurar um novo poço no Campo de Frade, onde ocorre o vazamento, com o objetivo de atingir o pré-sal. A diretoria da agência reguladora entendeu que a tentativa de chegar à plataforma implica riscos mais graves do que os ocorridos no poço onde houve o derramamento de petróleo, já que o pré-sal é mais profundo do que a zona de onde vazou óleo.

A medida da ANP, no entanto, não envolve as ações da Chevron no local onde houve derramamento de petróleo. Segundo a assessoria da reguladora, a diretoria da ANP identificou negligência por parte da petroleira na apuração de um dado considerado fundamental na perfuração de poços – a pressão do líquido no poço a ser perfurado – e na execução do chamado "plano de abandono".

Fonte: Terra

Chevron pede desculpa à nação; Ministro reafirma rigor na punição

Extraído do Portal Vermelho


Nesta quarta (23), o presidente da Chevron no Brasil, George Buck, pediu desculpas ao povo brasileiro, ao iniciar sua apresentação em audiência pública na Câmara sobre o vazamento de petróleo no Campo de Frade, na Bacia de Campos, no litoral fluminense.

Por Christiane Marcondes*

Em outro evento também nesta quarta (23), o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse que não faltará rigor na apuração das causas do vazamento de óleo e na punição dos responsáveis.

"Não vamos brincar com essa questão. Está em jogo todo nosso futuro em termos do pré-sal e nosso cuidado ambiental é muito grande. Portanto, não faltará rigor”, declarou à imprensa, em Brasília.

Audiência pública

Durante o depoimento na Câmara, além de desculpar-se, Buck afirmou que "a prioridade máxima da empresa foi evitar ferimentos e danos a pessoas, depois a proteção ao meio ambiente, com o controle da mancha de óleo no mar". Em seguida, a preocupação foi conter a fonte do vazamento. Segundo ele, o vazamento foi contido em quatro dias, e o fluxo atual é "residual".

O presidente acrescentou que qualquer vazamento é "inaceitável", mas que o óleo que ainda escapa da superfície do solo marinho da região está depositado nas rochas e está seguindo seu fluxo.

Informações desencontradas

A Chevron continua prestando declarações que contradizem informações dos órgãos competentes.

Sobre o vazamento, Buck disse que teve início no dia 9 de novembro, e foi contido no dia 13.
A ANP (Agência Nacional do Petróleo) considera que o vazamento começou no dia 8.

Quanto a danos ambientais, Buck já “fechou a conta”, afirmando “que a empresa tem segurança de que a vida marinha da região não foi atingida”.

O presidente do Ibama, Curt Trennepohl, disse que ainda é cedo para avaliar os danos à natureza.

*com informações de agências

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Por que os protestos (contra corrupção) fracassam em todo país?

Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho, extraído do Blog “Escrevinhador”


O que houve? Ou melhor, por que não houve?

Apareceram apenas 150 “protestantes” na Cinelândia, Rio de Janeiro, na manifestação anticorrupção organizada por cinco entidades em redes sociais.

Em São Paulo, na avenida Paulista, outros cinco movimentos (Nas Ruas, Mudança Já, Pátria Minha, Marcha Pela Ética e Lojas Maçônicas) juntaram apenas 200 pessoas. Na Boca Maldita, em Curitiba, o grupo Anonymous reuniu 80 pessoas.

A maior concentração de manifestantes contra a corrupção foi registrada na praça da Liberdade, em Belo Horizonte, calculada em 1.500 pessoas, segundo a Polícia Militar. E, a menor, ocorreu em Brasília, onde 30 gatos pingados se reuniram na Esplanada dos Ministérios.

Será que a corrupção é maior em Minas do que em Brasília? Juntando tudo, não daria para encher a Praça da Matriz da minha querida Porangaba, cidade pequena porém decente.

Desta vez, nem houve divergências sobre o número de manifestantes. Eram tão poucos no feriadão de 15 de novembro que dava para contar as cabeças sem ser nenhum gênio em matemática.

Até os blogueiros mais raivosos que, na véspera, anunciaram “protestos em 37 cidades de todo o país”, com horário e local das manifestações, parecem ter abandonado o barco. Não se tocou mais no assunto.

Parece que a sortida fauna que organiza protestos “contra tudo o que está aí” desde o feriadão de 7 de setembro já se cansou.

Os organizadores colocaram a culpa na chuva, mas não conseguem explicar como, no mesmo dia, sob a mesma chuva, 400 mil pessoas foram às compras na rua 25 de Março e 40 mil fiéis se reuniram a céu aberto no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, numa celebração evangélica.

Nem se pode alegar falta de assunto, já que a velha mídia não se cansa de dar manchetes todos os dias sobre os “malfeitos” do governo, com destaque no momento para o Ministério do Trabalho do impoluto Carlos Lupi.

Na minha modesta opinião, o fracasso destas manifestações inspiradas na Primavera Árabe e nos protestos contra o capitalismo selvagem nas capitais européias e nos Estados Unidos, reside na falta de objetivos e de sinceridade dos diferentes movimentos que se apresentam como “apartidários” e “apolíticos”, como se isto fosse possível.

Pelo jeito, o povo brasileiro está feliz com o país em que vive – e, por isso, só vai às ruas por um bom motivo, não a convite dos antigos “formadores de opinião”.

Afinal, todos somos contra a corrupção – até os corruptos, para combater a concorrência, certamente -, mas esta turma é mesmo contra o governo. Basta ver quem são seus arautos na imprensa, que hoje abriga o que sobrou da oposição depois das últimas eleições presidenciais.

Dilma pode demitir todos os ministros e fazer uma faxina geral na máquina do governo que eles ainda vão querer mais, e continuarão “convocando o povo” nas redes sociais. Valentes de internet, não estão habituados a enfrentar o sol e a chuva da vida real.

Ao contrário do que acontece em outros países, estes eventos no Brasil são mais um fenômeno de mídia do que de massas – a mesma grande mídia que apoiou o golpe de 1964 e escondeu até onde pode a Campanha das Diretas Já, em 1984 (com a honrosa exceção da “Folha de S. Paulo”, onde eu trabalhava na época).

Eles não enganam mais ninguém. O povo não é bobo faz tempo.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

… E o MMA vira mania nacional!




Quem assistiu a luta entre Junior “Cigano” dos Santos contra Cain Velasquez, no último sábado (12), válida pelo cinturão dos pesados do UFC, com direito a segunda transmissão em canal aberto no Brasil, com certeza deve ter se empolgado bastante com a organização do show e com o entusiasmo despertado com a luta. Poucos sabem, no entanto, que a edição 138 do evento norte-americano de Mixed Martial Arts (MMA) deixa para trás algumas décadas de descaso da mídia hegemônica com o esporte!

O MMA, junto com a conjuntura política e o jiu jitsu, são os assuntos que mais me sinto a vontade para falar. Antes mesmo de me debruçar nos jornais para acompanhar a vida política do Brasil, já colecionava pilhas e pilhas de revistas sobre os esportes difundidos pelos Gracie’s. Além disso, assisti dezenas de eventos por DVD, VHS e acumulei tantas horas em frente da TV para acompanhar os eventos por pay per view quanto um piloto profissional tem horas de vôos. Ainda criança, fui apresentado às vitórias de Royce Gracie nas primeiras edições do evento que Cigano acaba de se consagrar fazendo o esforço de distinguir o atleta pelo quimono branco, já que a qualidade da imagem não permitia uma visualização tão clara quanto a vestimenta do atleta.

Na minha coleção de revistas, composta majoritariamente por Gracie Magazine e Revista Tatame, destaca-se um grande período de resistência informativa aos rótulos despejados velha mídia. No ímpeto de manter oculto o que seus diretores não viam com bons olhos, as principais emissores de rádios e TV’s do país repercutiam eventos e atletas da modalidade da pior forma possível. Associados a badernas e confusões, os ídolos do esporte precisavam iniciar toda aparição pública fora do segmento que fazem parte com justificativas e explicações das particularidades de seus afazeres do que necessariamente com os méritos e vantagens da modalidade.

Por volta de 1998 ou 1999, a Gracie Magazine levou às bancas de revistas uma edição que se assemelha bastante com jornais, sites e blog’s de linha editorial progressista de hoje. Na ocasião, usaram suas páginas para apresentar um quadrinho no qual satirizava as absurdas distorções que o Partido da Imprensa Golpista (PIG) fazia do então vale tudo e do jiu jitsu. As ilustrações mostravam atletas de ambos esportes como líderes de ataques belicistas, extermínios e da violência dos traficantes de drogas do Rio de Janeiro. Essa foi a forma encontrada para questionar os golpes, manipulações e distorções do PIG.

A reviravolta, portanto, não foi tranqüila nem natural. Ela surgiu a partir do desconforto cada vez mais crescente gerado pela notabilidade que os ídolos do esporte adquirem no Japão e nos EUA há pelo menos 16 anos. Além disso, o crescimento da audiência dos pacotes pay per view, no Canal Combate, o crescimento da indústria de roupas e acessórios desportivos criou o clima de mania nacional que a TV aberta não conseguiu conter e, para se atualizar, teve que aderir à força. Com o UFC Rio, realizado em agosto, a Rede TV alcançou pela primeira vez a liderança de audiência dos telespectadores o que motivou a emissora dos Marinhos a abraçarem a idéia para não pegarem outras goleadas.

Ganha o esporte, os atletas, que passam a ser mais valorizados, e a sociedade como um todo, pois mais uma vez vence a opinião pública conservadora e pauta a programação da velha mídia!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

“Ocupe Wall Street” vira não-notícia

Por Altamiro Borges, no Blog do Miro



Dizem que o que não pinta na tela da TV Globo, principalmente no Jornal da Nacional, não existe, não é real. Parece que a mídia, mundial e nativa, decidiu adotar este padrão de manipulação para ocultar o movimento “Ocupe Wall Street”, que há dois meses realiza protestos diários em várias cidades dos EUA contra o “1% de ricaços” que afundou o país numa grave crise econômica.

Diferente dos protestos dos “gusanos” em Cuba ou dos “esquálidos” na Venezuela, que ganham páginas nos jornalões e destaque nas emissoras de televisão, as manifestações na “pátria da democracia” são ocultadas pela mídia hegemônica. Viram não-notícia! O pacto do silêncio entre os impérios midiáticos é um visível atentado ao verdadeiro jornalismo e a própria democracia.


Mídia colonizada evita criticar os EUA

No caso da mídia brasileira nem dá para alegar falta de recursos para a cobertura dos protestos. Todos os principais veículos têm correspondentes nos EUA, mas eles não são pautados para cobrir as manifestações populares. Preferem tratar de amenidades ou da jogatina política na falsa democracia bipartidarizada do império. A censura é descarada. A ditadura midiática é implacável!

Nem mesmo quando ocorrem cenas de repressão, a chamada grande imprensa noticia ou divulga imagens. Neste final de semana, por exemplo, a polícia reprimiu violentamente quatro acampamentos do “Ocupe Wall Street” e prendeu ao menos 78 ativistas. A tática fascistóide adota pelo governo dos EUA é a de dispersar os núcleos do movimento e prender as suas principais lideranças.

Mortes nos acampamentos

O clima nos acampamentos é cada dia mais tenso. Em alguns estados, castigados pelo rigoroso inverno, os manifestantes tiveram a energia elétrica cortada e padecem no frio. Em outras localidades, a polícia ianque aborda os jovens ativistas com truculência, promove arrastões na madrugada para humilhar e desgastar os manifestantes e sabota os serviços de limpeza pública.

No acampamento do Oakland (Califórnia), um jovem foi assassinado a tiros durante uma briga. Já em Vermont, um veterano de guerra cometeu suicídio numa tenda. Em Salt Lake City (Utah), um homem foi encontrado morto, sem ferimentos. Estes episódios dramáticos serviram de justificativa para a ação terrorista da polícia deflagrada a partir de sábado passado (12).

Prisões não intimidam os ativistas

Em St. Louis (Missouri), 27 manifestantes foram algemados quando gritavam “nosso amor pela liberdade é mais forte que a sua prisão”. Já as desocupações violentas em Salt Lake City e em Denver (Colorado) resultaram nas prisões de 19 e 17 manifestantes, respectivamente. Em Portland (Oregon), mais de 15 pessoas foram presas após confrontos com a polícia.

Apesar da violência, o movimento se espalha pelos EUA e continua demonstrando força. Na semana passada, vários intelectuais participaram de um ato político no parque Zucotti, nas proximidades de Wall Street. Sindicatos e outras entidades da sociedade civil prestam solidariedade, inclusive material, aos ativistas. Mas a mídia colonizada do Brasil evita dar destaque aos protestos.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Dez fatos que a "grande" imprensa esconde da sociedade




Extraído do site Carta Maior


As entidades que reúnem as grandes empresas de comunicação no Brasil usam e abusam da palavra "censura" para demonizar o debate sobre a regulação da mídia. No entanto, são os seus veículos que praticam diariamente a censura escondendo da população as práticas de regulação adotadas há anos em países apontados como modelos de democracia. Conheça dez dessas regras que não são mencionadas pelos veículos da chamada "grande" imprensa brasileira.

Marco Aurélio Weissheimer

O debate sobre regulação do setor de comunicação social no Brasil, ou regulação da mídia, como preferem alguns, está povoado por fantasmas, gosta de dizer o ex-ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Franklin Martins. O fantasma da censura é o frequentador mais habitual, assombrando os setores da sociedade que defendem a regulamentação do setor, conforme foi estabelecido pela Constituição de 1988.

Regulamentar para quê? – indagam os que enxergam na proposta uma tentativa disfarçada de censura. A mera pergunta já é reveladora da natureza do problema. Como assim, para quê? Por que a comunicação deveria ser um território livre de regras e normas, como acontece com as demais atividades humanas? Por que a palavra “regulação” causa tanta reação entre os empresários brasileiros do setor?

O que pouca gente sabe, em boa parte por responsabilidade dos próprios meios de comunicação que não costumam divulgar esse tema, é que a existência de regras e normas no setor da comunicação é uma prática comum naqueles países apontados por esses empresários como modelos de democracia a serem seguidos.

O seminário internacional Comunicações Eletrônicas e Convergências de Mídias, realizado em Brasília, em novembro de 2010, reuniu representantes das agências reguladoras desses países que relataram diversos casos que, no Brasil, seriam certamente objeto de uma veemente nota da Associação Nacional de Jornais (ANJ) e da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) denunciando a tentativa de implantar a censura e o totalitarismo no Brasil.

Ao esconder a existências dessas regras e o modo funcionamento da mídia em outros países, essas entidades empresariais é que estão praticando censura e manifestando a visão autoritária que tem sobre o tema. O acesso à informação de qualidade é um direito. Aqui estão dez regras adotadas em outros países que os barões da mídia brasileira escondem da população:

1. A lei inglesa prevê um padrão ético nas transmissões de rádio e TV, que é controlado a partir de uma mescla da atuação da autorregulação dos meios de comunicação ao lado da ação do órgão regulador, o Officee of communications (Ofcom). A Ofcom não monitora o trabalho dos profissionais de mídia, porém, atua se houver queixas contra determinada cobertura ou programa de entretenimento. A agência colhe a íntegra da transmissão e verifica se houve algum problema com relação ao enfoque ou se um dos lados da notícia não recebeu tratamento igual. Após a análise do material, a Ofcom pode punir a emissora com a obrigação de transmitir um direito de resposta, fazer um pedido formal de desculpas no ar ou multa.

2. O representante da Ofcom contou o seguinte exemplo de atuação da agência: o caso de um programa de auditório com sorteios de prêmios para quem telefonasse à emissora. Uma investigação descobriu que o premiado já estava escolhido e muitos ligavam sem chance alguma de vencer. Além disso, as ligações eram cobradas de forma abusiva. A emissora foi investigada, multada e esse tipo de programação foi reduzida de forma geral em todas as outras TVs.

3. Na Espanha, de 1978 até 2010, foram aprovadas várias leis para regular o setor audiovisual, de acordo com as necessidades que surgiam. Entre elas, a titularidade (pública ou privada); área de cobertura (se em todo o Estado espanhol ou nas comunidades autônomas, no âmbito local ou municipa); em função dos meios, das infraestruturas (cabo, o satélite, e as ondas hertzianas); ou pela tecnologia (analógica ou digital).

4. Zelar para o pluralismo das expressões. Esta é uma das mais importantes funções do Conselho Superior para o Audiovisual (CSA) na França. O órgão é especializado no acompanhamento do conteúdo das emissões televisivas e radiofônicas, mesmo as que se utilizam de plataformas digitais. Uma das missões suplementares e mais importantes do CSA é zelar para que haja sempre uma pluralidade de discursos presentes no audiovisual francês. Para isso, o conselho conta com uma equipe de cerca de 300 pessoas, com diversos perfis, para acompanhar, analisar e propor ações, quando constatada alguma irregularidade.

5. A equipe do CSA acompanha cada um dos canais de televisão e rádio para ver se existe um equilíbrio de posições entre diferentes partidos políticos. Um dos princípios dessa ação é observar se há igualdade de oportunidades de exposição de posições tanto por parte do grupo político majoritário quanto por parte da oposição.

6. A CSA é responsável também pelo cumprimento das leis que tornam obrigatórias a difusão de, pelo menos, 40% de filmes de origem francesa e 50% de origem européia; zelar pela proteção da infância e quantidade máxima de inserção de publicidade e distribuição de concessões para emissoras de rádio e TV.

7. A regulação das comunicações em Portugal conta com duas agências: a Entidade reguladora para Comunicação Social (ERC) – cuida da qualidade do conteúdo – e a Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom), que distribui o espectro de rádio entre as emissoras de radiodifussão e as empresas de telecomunicações. “A Anacom defende os interesses das pessoas como consumidoras e como cidadãos.

8. Uma das funções da ERC é fazer regulamentos e diretivas, por meio de consultas públicas com a sociedade e o setor. Medidas impositivas, como obrigar que 25% das canções nas rádios sejam portuguesas, só podem ser tomadas por lei. Outra função é servir de ouvidoria da imprensa, a partir da queixa gratuita apresentada por meio de um formulário no site da entidade. As reclamações podem ser feitas por pessoas ou por meio de representações coletivas.

9. A União Européia tem, desde março passado, novas regras para regulamentar o conteúdo audiovisual transmitido também pelos chamados sistemas não lineares, como a Internet e os aparelhos de telecomunicação móvel (aqueles em que o usuário demanda e escolhe o que quer assistir). Segundo as novas regras, esses produtos também estão sujeitos a limites quantitativos e qualitativos para os conteúdos veiculados. Antes, apenas meios lineares, como a televisão tradicional e o rádio, tinham sua utilização definida por lei.

10. Uma das regras mais importantes adotadas recentemente pela União Europeia é a que coloca um limite de 12 minutos ou 20% de publicidade para cada hora de transmissão. Além disso, as publicidades da indústria do tabaco e farmacêutica foram totalmente banidas. A da indústria do álcool são extremamente restritas e existe, ainda, a previsão de direitos de resposta e regras de acessibilidade.

Todas essas informações estão disponíveis ao público na página do Seminário Internacional Comunicações Eletrônicas e Convergências de Mídias. Note-se que a relação não menciona nenhuma das regras adotadas recentemente na Argentina, que vem sendo demonizadas nos editoriais da imprensa brasileira. A omissão é proposital. As regras adotadas acima são tão ou mais "duras" que as argentinas, mas sobre elas reina o silêncio, pois vêm de países apontados como "exemplos a serem seguidos" Dificilmente, você ouvirá falar dessas regras em algum dos veículos da chamada grande imprensa brasileira. É ela, na verdade, quem pratica censura em larga escala hoje no Brasil.

Em carta, MST manifesta solidariedade aos estudantes da USP

Da Página do MST, extraído do Blog da Maria Frô



A terra, assim como a educação, são latifúndios que historicamente sempre estiveram nas mãos da elite brasileira, fazendo com que servissem somente aos seus interesses. Mas ao mesmo tempo, a classe trabalhadora se organizou para lutar contra esses latifúndios. O MST e o Movimento Estudantil são provas dessa organização da classe trabalhadora.

O que se viu na ação da Polícia Militar do último dia 8/11 foi mais uma demonstração da truculência e arbitrariedade com que o governo do estado de São Paulo tem tratado os movimentos sociais nos últimos anos, com a clara intenção de reprimir e criminalizar as lutas e os lutadores sociais que sonham em construir um mundo mais justo.

Porém, essa não é uma ação isolada. Faz parte da estratégia que o capital tem para com o nosso continente: transformar todos os bens em mercadoria. A educação e a terra, para eles, são somente mais uma dessas mercadorias. Da mesma forma acontece em outros países, como por exemplo no Chile e na Colômbia, onde leis de reforma da educação propostas pelos governos tem o claro objetivo de transformar a educação em mercadoria.

Mesmo com os avanços desses processos de privatização da educação, os estudantes seguem se organizando e se mobilizando, como demonstram os estudantes chilenos que estão em luta desde o inicio desse ano e os estudantes colombianos, que há cinco semanas estão em greve e hoje fazem uma grande marcha em defesa da educação pública. Para os estudantes chilenos e colombianos, todo nosso apoio e solidariedade.

É nosso dever e nossa tarefa defender uma educação pública, gratuita e de qualidade para o campo e à cidade. Não podemos permitir mais que fechem escolas no meio rural como vem acontecendo nos últimos 10 anos, onde mais de 37.776 escolas do campo foram fechadas. Temos que defender a autonomia e a democracia dentro das universidades e escolas, com eleição direta para reitores e diretores.

Lutaremos por mais verbas para a educação, tendo na bandeira dos 10% do PIB para educação o nosso instrumento de luta para melhores salários aos professores, aumentar a verba para assistência estudantil, expandir o ensino público com contratação de professores e técnicos administrativos e a melhoria da infraestrutura das escolas e universidades no campo e na cidade.

Repudiamos a ação truculenta e antidemocrática da polícia de São Paulo sob o comando do governador Geraldo Alkmin e do Reitor João Grandinho Rodas. Basta de repressão e criminalização das lutas sociais!

Por esse compromisso histórico do MST com a Educação Brasileira, viemos por meio desta carta demonstrar toda a nossa solidariedade e apoio aos estudantes da Universidade de São Paulo, que lutam por autonomia e democracia nos rumos dessa importante universidade do nosso país para que ela represente de fato os anseios do povo brasileiro.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O pensamento que a mídia forja sobre a ocupação na USP

Charge de Carlos Latuff, extraída do Blog do Bentes.


quarta-feira, 9 de novembro de 2011

NOTA PÚBLICA DOS PRESOS POLÍTICOS DA USP

Extraído do site da Caros Amigos

São Paulo, 08 de novembro de 2011 - 14h15.

Nós, estudantes da USP, que lutamos contra a polícia na universidade e pela retirada dos processos administrativos contra estudantes e trabalhadores, viemos por meio desta nota pública, denunciar a ação da tropa de choque e da polícia militar na madrugada do dia 8/11.

Numa enorme demosntração de intransigência em meio ao período de negociação e na calada da noite, a reitoria foi responsável pela ação da tropa de choque da PM que militarizou a universidade numa repressao sem precedentes. Num operativo com 400 homens, cavalaria, helicópteros, carros especializados e fechamento do Portão 1 instalou-se um clima de terror, que lembrou os tempos mais sombrios da ditadura militar em nosso pais.

Resistimos e nos obrigaram a entrar em salas escuras, agrediram estudantes, filmaram e fotografaram nossos rostos (homens sem farda nem identificação). Levaram todas as mulheres (24) para uma sala fechada, obrigando-as a sentarem no chão e ficarem rodeadas por policiais homens com cacetetes nas mãos. Levaram uma das estudantes para a sala ao lado, que gritou durante trinta minutos, levando-nos ao desespero ao ouvir gritos como o das torturas que ainda seguem impunes em nosso país. Tudo isso demonstra o verdadeiro caráter e o papel do convênio entre a USP e a polícia militar.
A ditadura vive na USP. Tropa de choque, polícia militar, perseguições a estudantes e trabalhadores, demissão de dirigentes sindicais, espionagem contra ativistas e estudantes, repressão através de consultas psiquiátricas aos moradores do CRUSP (moradia estudantil).

Nós, que estamos desde as 5h sob cárcere e controle dos policias, chamamos todos a se manifestarem contra a prisão de 73 estudantes e trabalhadores por lutarem com métodos legitimos por seus direitos.

Responsabilizamos o reitor Joao Grandino Rodas, e toda a sua burocracia acadêmica e o governador do estado de SP Geraldo Alckmin, junto ao seu secretário de seguranca pública, por toda a repressao dessa madrugada. Reafirmamos nossa luta contra a polícia, dentro e fora da universidade, que reprime a população pobre e trabalhadora todos os dias.

Fora PM! Revogação do convênio! Retirada dos processos! Liberdade aos presos políticos!

"Pode me prender, pode me bater, pode até deixar-me sem comer, que eu não mudo de opinião! Porque da luta eu não saio não!"

Alckmin reafirma: As Políticas Públicas de Juventude do PSDB são “porrada”




Em pleno processo de mobilização para a II Conferência Nacional de Juventude, a ser realizada em dezembro, em Brasília, ouvir dizer que as Políticas Públicas de Juventude (PPJ’s) propugnadas pelos tucanos é “porrada” pode até animar milhares de jovens que participam das etapas municipais e estaduais. Afinal, na gíria dos jovens o termo também pode ter a conotação de algo “bom demais”. Mas o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), não deixa margem para dúvidas.

A ocupação de estudantes na reitoria da USP, no entanto, deixa bem claro que porrada é o que eles largam contra o corpo dos jovens, estejam eles reivindicando seus direitos ou não. Os relatos da ação policial que garantiu a reintegração de posse da reitoria daquela universidade são sintomáticos, pois demonstram o trato que dão aos movimentos sociais. Na ocasião, centenas de policiais militares entraram no campus da USP de madrugada e, numa verdadeira operação de guerra, agrediram e prenderam cerca de 73 estudantes. Até hoje (9) pela manhã, um diretor da União Nacional dos Estudantes (UNE) que acompanhava as atividades ali estava desaparecido!

Essas ações tão somente trazem para o presente a forma como a agremiação partidária que está no comando de São Paulo há vários anos construiu sua história até aqui. A ausência de diálogo com os movimentos sociais, a criminalização deles e nenhuma afinidade com as demandas populares defendidas por estudantes e trabalhadores como um todo é um pouco do que se viu ali e do que é bastante praticado cotidianamente tanto na terra da garoa quanto em outros estados governados por eles.

Certamente esses são alguns dos motivos do povo ter os surrado nas últimas três eleições presidenciais. E que fique a lição para os vacilantes que ainda se deixam levar pelos discursos fraudulentos, anti-populares e anti-democráticos dos tucanos!

Desabafo de quem estava lá [Reintegração de posse na USP]




Por Shayene Metri, postado no Facebook, sugestão de Cronópio (extraído do Blog Vi o Mundo)

Cheguei na USP às 3h da manhã, com um amigo da sala. Ia começar o nosso “plantão” do Jornal do Campus. Outros dois amigos já estavam lá. A ideia era passar a madrugada lá na reitoria, ou pelas redondezas para: 1) entender melhor a ocupação, conhecer e poder escrever melhor sobre isso tudo; 2) estarmos lá caso a PM realmente aparecesse para dar um fim à ocupação.

Conversa vai, conversa vem. O tempo da madrugada passava enquanto ficávamos lá fora, na frente da reitoria, conversando com alunos da ocupação. Alguns com posicionamentos bem definidos (ou inflexíveis), outros duvidando até das próprias atitudes. A questão é: os alunos estavam lá e queriam chamar atenção para a causa (ou as causas, ou nenhuma causa)… e, por enquanto, era só. Não havia nada quebrado, depredado ou destruído dentro da tão requisitada reitoria (a única marca deles eram as pichações).

A ocupação era organizada, eles estavam divididos em vários núcleos e tinham medidas pra preservar o ambiente. Aliás, nada de Molotov.

Mais conversa foi jogada fora, a fogueira que aquecia se apagou várias vezes e eu levantei a pergunta pra alguns deles: e se a PM realmente aparecesse lá logo mais? Seria um tiro no pé dela? Ela sairia como herói? Os poucos que conversavam comigo (eram uns 4, além dos amigos da minha sala) ficaram divididos. “Do jeito que a mídia está passando as coisas, eles vão sair como heróis de novo”, disse um. “Se eles vierem, vai ter confronto e isso já vai ser um tiro no pé deles”, disse outra. Mas, numa coisa eles concordavam: poucos acreditavam que a PM realmente ia aparecer.

Eu achava que a PM ia aparecer e muito provavelmente isso que me fez ficar acordada lá. Não demorou muito e, pronto, muita coisa apareceu. A partir daí, meu relato pode ficar confuso, acho que ainda não vou conseguir organizar tudo que eu vi hoje, 08 de novembro.

Muitos PMs chegaram, saindo de carros, motos, ônibus, caminhões. Apareceram helicópteros e cavalaria. Nem eu e, acredito, nem a maior parte dos presentes já tinha visto tanto policial em ação. Estávamos em 5 pessoas na frente da reitoria. Dois estudantes que faziam parte da ocupação, eu e mais 2 amigos da minha sala, que também estavam lá por causa do JC. Assim que a PM chegou, tudo foi muito rápido.

Os alunos da ocupação que estavam com a gente sugeriram: “Corram!”, enquanto voltavam para dentro da reitoria. Os dois amigos que estavam comigo correram para longe da Reitoria, onde a imprensa ainda estava se posicionando para o show. Eu, sabe-se lá por qual motivo, joguei a minha bolsa para um dos meninos da minha sala e voltei correndo para frente da reitoria, no meio dos policiais que avançavam para o portão principal [e único] da ocupação.

Tentei tirar fotos e gravar vídeos de uma PM que estava sendo violenta com o nada, para nada. Os policiais quebravam as cadeiras no carrinho, faziam questão do barulho, da demonstração da força. Os crafts com avisos dos estudantes, frases e poemas eram rasgados, uma espécie de símbolo. Enquanto tudo isso acontecia, parte da PM impedia a imprensa de chegar perto da área, impedindo que os repórteres vissem tudo isso.
Voltando para confusão onde eu tinha me enfiado: os PMs arrombaram a porta principal, entraram (um grupo de mais ou menos 30, eu acho) e, logo em seguida, fecharam o portão. Trancaram-se dentro da reitoria com os alunos. Coisa boa não era.

Depois disso, o outro grupo de PMs, que impedia a mídia de se aproximar dessas cenas, foi abrindo espaço. Quer dizer, não só abrindo espaço, mas também começando (ou fortalecendo) uma boa camaradagem para os repórteres que lá estavam atrás de cenas fortes e certezas.

“Me sigam para cá que vai acontecer um negócio bom pra filmar ali agora”, disse um dos militares para a enxurrada de “jornalistas”.

A cena era um terceiro grupo de PMs, arrombando um segunda porta da reitoria, sob a desculpa de que queria entrar. O repórter da Globo me perguntou (fui pra perto deles depois da confusão em que me meti com os policiais no início): “Os PMs já entraram, não? Por que eles tão tentando por aqui também?”. Respondi: “sim, já entraram. E provavelmente estão fazendo essa cena pra vocês terem algum espetáculo pra filmar”.
A palhaçada organizada pelos policiais e alimentada pelos repórteres que lá estavam continuou por algumas horas. A imprensa ia contornando a reitoria, na esperança de alguma cena forte. Enquanto isso, PM e alunos estavam juntos, dentro da Reitoria, sem ninguém de fora poder ver ou ouvir o que se passava por lá. Quem tentasse entrar ou enxergar algo que se passava lá na Reitoria, dava de cara com os escudos da tropa de choque, até o fim.

Enquanto amanhecia, universitários a favor da ocupação, ou contra a PM ou simplesmente contra toda a violência que estava escancarada iam chegando. Os alunos pediam para entrar na reitoria. Eu pedia para entrar na reitoria. Tudo que todo mundo queria era saber o que realmente estava acontecendo lá dentro. A PM não levava os estudantes da ocupação para fora e o pedido de todo mundo era “queremos algo às claras”. Por que ninguém pode entrar? Por que ninguém pode sair?

Enquanto os alunos que estavam do lado de fora clamavam para entrar, eu ouvi de um grupo de repórteres (entre eles, SBT): “Não vamos filmar essas baboseiras dos maconheiros, não! O que eles pedem não merece aparecer”.

Além dos repórteres que já haviam decidido o que era verdade ou não, noticiável ou não, havia pessoas misturadas a eles, gritando contra os estudantes, xingando. Eu mesma ouvi muitas e boas como“maconheirazinha”, “raça de merda” e “marginal” .
Os estudantes que enfrentavam de verdade os policiais que faziam a “corrente” em torno da Reitoria eram levados para dentro. Em questões de segundos um estudante sumia da minha frente e era levado pra dentro do cerco. Para sabe-se lá o quê.

Lá pras 7h30, depois de muito choro, puxões e algumas escudadas na cara, comecei a ver que os PMs estavam levando os estudantes da ocupação para dentro dos ônibus. Uma menina foi levada de maneira truculenta. Essa foi a única coisa que meu 1,60m de altura conseguiu ver por trás de uma corrente da tropa de choque. Enquanto eu tentava entrar no cerco, para entender a história, a grande mídia já estava lá dentro. Fui conversar com um militar, explicar do JC. Ouvi em troca ”ai, é um jornal da USP. De estudantes, não pode. Complica”.

Os ônibus com os alunos presos saíram da USP. Uma quantidade imensa de outros alunos gritava com a PM. Eu e os dois amigos da minha sala (aqueles da madrugada) pegamos o carro e fomos para a DP.

Na DP, o sistema era o mesmo, meu cansaço e raiva só estavam maiores. Enjoo e dor de cabeça. Era o meu corpo reagindo a tudo que eu vi pela manhã. Alunos saiam de 5 em 5 do ônibus para dentro da DP. Jornalistas amontoados. Familiares chegando. Alunos presos no ônibus, sem água, sem banheiro, sem comida, mas com calor. Pelo menos por umas 3h foi assim.

Enquanto eu revia todo o horror da reintegração de posse, outras pessoas da minha sala mandavam mensagens para gente, de como a grande imprensa estava cobrindo o caso. Um ato pacífico, não é Globo? Não foi bem isso o que eu vi, nem o que o JC viu, nem o que centenas de estudantes presenciaram.

Enfim, sou contra a ocupação. Sempre tive várias críticas ao Movimento Estudantil desde que entrei na USP. Nunca aceitei a partidarização do ME [movimento estudantil]. Me decepciono com a falta de propostas efetivas e com as discussões ultrapassadas da maioria das assembléias. Mas, nada, nada mesmo, justifica o que ocorreu hoje. Nada pode ser explicação pra violência gratuita, pro abuso do poder e, principalmente, pela desumanização da PM.

Não costumo me envolver com discussões do ME, divulgar textos ou participar ativamente de algo político do meio universitário. Mas, como poucos realmente sabem o que aconteceu hoje (e eu acredito que muita coisa vai ser distorcida a partir de agora, por todos os lados), achei que valeria a pena escrever esse texto. Taí o que eu vi.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ronaldo Tiradentes é derrotado na Justiça por conta de injúrias divulgadas na CBN

Postado no Facebook ontem (7) pela própria médica Bianca Abinader


Meu nome é Bianca Abinader Gavinho, tenho 30 anos, sou médica, casada e mãe de duas lindas meninas. Meus dois últimos anos sobrevivi sofrendo uma perseguição cruel e criminosa por parte do dono da CBN Manaus, Ronaldo Tiradentes.

A primeira vez que este me caluniou violentamente, eu estava grávida de 8 meses de minha filha caçula. Tudo começou porque ousei liderar o Movimento Manaus de Olho, que nasceu na rede social Twitter, tinha mais de 150 membros e pretendia denunciar desmandos da Prefeitura de Manaus e Governo do Amazonas. Uma semana depois, ele estava na rádio usando meu nome e sobrenome envolto de mentiras e me acusando de crimes dos quais nunca provou, só para me prejudicar e tentar me ensinar uma lição: não se mexe com o poder em Manaus. E assim continuou fazendo por quase dois anos.

Vários capítulos dessa história já foram descritos por aqui. Ele me acusou primeiro de não trabalhar, depois de utilizar internet durante o horário de trabalho, depois de fazer críticas depreciativas ao Prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, seu amigo pessoal assim como grande parte dos políticos de Manaus.

Desde lá, já sofri 3 sindicâncias do meu empregador, a Secretaria Municipal de Manaus, onde sou médica concursada. Todas por denúncias da CBN Manaus e todas provaram, por documentos oficiais e depoimentos de meus superiores, que exerço minhas funções corretamente, cumprindo carga horária completa e todas as minhas obrigações.

Depoimentos de meus pacientes comprovam que sou uma profissional atenciosa e comprometida. Nada disso sou eu que estou falando, está comprovado por depoimentos e documentos dos meus pacientes e do meu próprio empregador.

Mesmo assim Ronaldo Tiradentes conseguiu que abrissem um Processo Administrativo contra mim, por críticas depreciativas ao Prefeito no Twitter, num perfil que nem existia mais, deletado há quase um ano das tais denúncias.

Neste processo, 7 (sete) depoimentos foram favoráveis a mim e me inocentaram das acusações, depoimentos compostos por minhas testemunhas, testemunhas da Prefeitura e testemunho de uma Procuradora de Justiça do Estado do Amazonas. O único depoimento contra mim foi o do dono da CBN Manaus, Ronaldo Tiradentes. Em sua oitiva ele anexou uma única prova contra mim, um DVD com tweets que supostamente eu teria escrito, todos num documento em PDF, cópia e cola do que seria do meu perfil no Twitter já deletado. Foi feita uma perícia técnica por profissinais da Prefeitura, que oficializou que aquilo não poderia ser usado como prova, pois não provava que eu tinha escrito tais coisas. Mesmo com 7 depoimentos e uma perícia a meu favor, a Comissão que avaliou o meu processo decidiu dar especial relevância ao depoimento do amigo do Prefeito, Ronaldo Tiradentes, e baseado apenas em seu depoimento e nenhuma prova, decidiram me punir com 90 dias de suspensão, decisão que foi aprovada pelo Prefeito, Amazonino Mendes e Secretário de Saúde Municipal, Francisco Deodato. Ou seja: o radialista que já havia mentido sobre mim há 3 sindicâncias atrás, foi quem teve relevância na decisão que me suspendeu.

Entrei com uma Ação Ordinária na Justiça do Amazonas para anular tal decisão completamente arbitrária, anexando todas as provas a meu favor. Ronaldo Tiradentes, não satisfeito, tentou participar do julgamento entrando com uma petição requerendo seu ingresso no feito como amicus curiae ou terceiro interessado, indeferido pelo juiz por não ser cabível em processos dessa espécie.

Hoje, 07/11/2011 (ontem), saiu uma decisão do juiz Cezar Luiz Bandiera, DEFIRINDO A LIMINAR pleiteada para suspender a pena imposta à mim, até julgamento final da presente ação, permitindo que eu retorne, imediatamente, às funções do cargo de médica especialista em saúde, na unidade onde antes desenvolvia. Enfim, a justiça começando a ser feita, depois de quase dois anos sofrendo ameaças, sendo caluniada diariamente por rádio de grande alcance e sofrendo todo tipo de retaliação por parte da CBN Manaus e seu dono, Ronaldo Tiradentes. Já fui acusada de agredir até minha família pelo Twitter, minha filhas (de um e 4 anos) foram expostas, já tive carro depredado e sofri violências físicas e psicológicas irreparáveis.

Hoje é o dia de comemorar uma pequena batalha, comemorar a Justiça agindo a favor de pessoas comuns. Agora é esperar que esta Justiça, com J maíusculo e que faz jus ao nome, prevaleça até eu poder dizer que enfim venci esta guerra que se transformou a minha vida e de minha família. Tudo porque ousei, como cidadã e pagadora de impostos, me expressar contra a política amazonense.

Mais detalhes e documentos sobre meu caso vocês podem conferir no blog administrado por jornalistas O Caso Bianca Abinader: http://ocasobiancabinader.wordpress.com

Abaixo, na íntegra, a decisão judicial que me permitiu voltar ao meu trabalhao, como sempre fiz.

Esta também se encontra no Site do Tribunal de Justiça do Amazonas: http://consultasaj.tjam.jus.br/cpo/pg/show.do?processo.codigo=01001F2A10000&processo.foro=1

Concedida a Medida Liminar

DECISÃO Trata-se de Ação Anulatória de Ato Administrativo com pedido tutela antecipada, proposta por BIANCA ABINADER GAVINHO, contra o Prefeito de Manaus, o Secretário-Chefe da Casa Civil, o Secretário Municipal de Saúde e o Secretário Municipal de Administração, face à edição do Decreto de 22 de setembro de 2011, que impôs à servidora a pena de suspensão por 90 (noventa) dias. A Autora, médica, servidora municipal ocupante do cargo de Especialista em Saúde Médico I-01, teve contra si instaurado processo administrativo disciplinar tendente a apurar a suposta prática de conduta descrita no art. 226, §1º, da Lei nº 1.118/71 (Estatuto dos Servidores Públicos Municipais), o qual culminou com a aplicação da penalidade acima referida. Alega que a punição não encontra respaldo no conjunto probatório colhido durante do processo administrativo, uma vez que nada foi devidamente comprovado, restando, portanto, clara, a ofensa ao princípio da presunção de inocência. Em vista disso, requer, em sede liminar, a suspensão do Decreto de 22 de setembro de 2011, com o seu imediato regresso ao exercício das funções desempenhadas na SEMSA. Analisando o pedido de tutela antecipada, tenho presentes os requisitos dispostos no art. 273, do Código de Porcesso Civil. Os documentos acostados à inicial dão indícios de que o processo administrativo que culminou com a suspensão da Autora não atentou para a integralidade das normas que devem norteá-lo, ferindo assim a legalidade. Ao que parece, o processo se iniciou para apurar as reiteradas faltas da Autora ao serviço, e terminou por puni-la em razão da prática de conduta proibida pelo Estatuto dos Servidores Públicos Municipais, consistente em referir-se de modo depreciativo, pela imprensa, em informações, parecer ou despacho, às atividades e atos da administração pública, podendo porém, em trabalho assinado, apreciá-lo do ponto de vista doutrinário ou de organização do serviço com fito de colaboração e cooperação (art. 207, I). Quanto ao receio de dano irreparável, este decorre do fato de que a Autora já se encontra cumprindo a pena de suspensão do serviço e privada de remuneração. Em vista disso, tenho por bem, até mesmo para resguardar a utilidade do presente processo, DEFIRIR A LIMINAR pleiteada para suspender a pena imposta à servidora, Bianca Abinader Gavinho, até julgamento final da presente ação, permitindo que a mesma retorne, imediatamente, às funções do cargo de médica especialista em saúde, na unidade onde antes as desenvolvia. Quanto ao pedido formulado por Ronaldo Lázaro Tiradentes às fls. 172/173, requerendo seu ingresso no feito como amicus curiae ou terceiro interessado, indefiro-o por não ser cabível em processos dessa espécie. A figura do amicus curiae, prevista na Lei nº 9.868/99, foi criada para permitir que outros órgãos ou entidades, que não as Autoras, se manifestem em processos de ação direta de inconstitucionalidade e de ação declaratória de constitucionalidade. Ora, no caso, o requerente não é órgão, nem entidade, tampouco se está diante de uma ADIn ou ADECon. Já a intervenção como "terceiro interessado" deve se dar por meio da assistência (art. 46 e seguintes, do CPC) ou de uma das formas de intervenção de terceiros previstas no Título II, Capítulo VI, do Código de Processo Civil. Cite-se o Município de Manaus, pessoa jurídica que congrega o Prefeito de Manaus e os Secretários Municipais cuja citação foi requerida na emenda apresentada à fl. 174. Intimem-se. Cumpra-se. Manaus, 07 de novembro de 2011. Cezar Luiz Bandiera, Juiz de Direito.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Imprensa lança novas mentiras sobre o PCdoB

Os jornalões de Manaus iniciam a semana ministrando outra lição de jornalismo que praticam e que não podem ser reproduzidas. A partir da realização da XVI Conferência Estadual do PCdoB no Amazonas, alguns periódicos despejaram em suas edições de hoje que o partido da foice do martelo definiu a pré-candidatura da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) à prefeitura de Manaus. As resoluções da conferência aprovada pelas centenas de delegados presentes nela, no entanto, não deliberam nada sobre o assunto.

Sabe-se lá se pela vontade de pautar algo novo sobre a corrida eleitoral do próximo ano ou com o intuito de embaraçar o campo político que gira em torno do governador Omar Aziz (PSD) e do senador Eduardo Braga (PMDB), o fato que é os jornais que soltaram esse noticia mentiram. O presidente eleito do comitê estadual do patido, Edilon Queiroz, deixou claro em seu discurso que a o assunto ainda está em aberto pela legenda. “Eron (Bezerra), Lúcia (Antony), Vanessa (Grazziotin) ou qualquer outro militante do partido pode ser o candidato a prefeito de Manaus pelo partido”, disse.

Na conferência municipal de Manaus do partido, o assunto já havia sido abordado com mais precisão. Desde lá, inclusive, que os comunistas tratam o assunto nesses termos. O objetivo é manter a amplitude do grupo político e tomar a decisão sobre qualquer candidatura em conjunto com os outros partidos que o compõem.

Isso é só o que aguarda alguns partidos. E olhe que se quer iniciou o ano das eleições municipais!

Blogueiros progressistas terão calendário cheio em 2012




Os blogueiros progressistas se aproximam do final do ano com o calendário quase fechado para 2012. Confiram as principais atividades já definidas para o próximo ano:

III Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas
Data: Último fim de semana de maio
Local: Salvador, Bahia

I Encontro Latino-Americano de Blogueiros Progressistas
Data: Julho, 2012
Local: Lima, Peru

II Encontro Mundial de Blogueiros
Data: Novembro de 2012
Local: Foz do Iguaçu

0bs: As comissões organizadoras estaduais estão por definir a data de seus respectivos encontros, que devem ocorrer até o inicio de maio, antecedendo o nacional. Até lá, milhares de blogueiros e usuários de redes sociais se reunirão nos diversos estados do país. Esse ano, 16 organizaram os seus. É possível que no próximo haja em 100% das unidades da federação. No Amazonas, a comissão deve aprovar a data do seu encontro e das atividades que o antecederá até a primeira semana de dezembro!